Bolsa do RenovaBR atrai de coronel a ativista da causa LGBT
"Nossa primeira turma tentou captar esse vento de mudança na política", disse o idealizador do RenovaBR, o empresário Eduardo Mufarej.
Após um processo de seleção que contou com testes escritos e entrevistas presenciais, os cem escolhidos já frequentam aulas na sede da Sociedade Brasileira de Coaching, na Vila Olímpia, zona sul de São Paulo. O grupo é formado por 74 homens e 26 mulheres. Entre os participantes, 62% se declarou branco. Já pretos, pardos e indígenas correspondem a 38%. A idade média dos escolhidos é de 35 anos. Os Estados com mais representantes, e que também tiveram o maior número de escritos, foram São Paulo (20) e Rio (17). O RenovaBR ainda tem 50 vagas remanescentes - que deve preencher com interessados de Estados com pouca representatividade na primeira seleção.
A maioria dos selecionados ainda não é filiada a partidos. Mas no grupo existem pessoas ligadas a Rede, Novo, PPS, PSDB, PSC, PR, PTdoB e outros. Além disso, o projeto também conta com representantes dos chamados movimentos cívicos, como Agora! e Livres. Por regra do próprio RenovaBR, pré-candidatos que já ocuparam cargos políticos ficaram de fora do processo, mas não houve restrições para quem já se lançou em uma candidatura e não obteve êxito eleitoral. O valor da bolsa mensal tem uma variação de R$ 5 mil a R$ 12 mil.
O projeto é financiado por empresários, como o próprio Mufarej, o ex-presidente do Banco Central Arminio Fraga, o publicitário Nizan Guanaes e o empresário Abílio Diniz. Entre os apoiadores está o apresentador e quase presidenciável Luciano Huck (que não participou do processo de seleção).
Oficialmente, o projeto não divulga uma projeção de quantos candidatos gostaria de ver eleito em outubro, mas internamente fala-se em 20%. Além da formação política, os bolsistas têm duas sessões de coaching por semana - cujo objetivo é promover autoconhecimento e potencialização de talentos.
Mistura
No encontro desta terça-feira, 30, o grupo assistiu uma aula de liderança positiva, com os professores Villela da Matta, precursor do coaching no Brasil e Flora Victoria, mestre em Psicologia Positiva Aplicada pela Universidade da Pensilvânia. Basicamente, os quase candidatos foram instigados a pensar sobre suas motivações ao escolherem o caminho da política. As respostas seguiram por uma linha segura e politicamente correta como "justiça", "amor", "indignação" e "esperança".
O grupo não é homogêneo - e foi deliberadamente montado para representar diversos setores da sociedade. Na aula foi possível, por exemplo, encontrar o ex-comandante-geral da Polícia Militar de Minas Gerais, coronel Marco Antônio Badaró Bianchini, de 52 anos. Assim como a maioria dos candidatos, ele ainda está decidindo se sua candidatura será para deputado federal ou estadual. O militar tem conversado com o PSC e tem como principal bandeira a segurança pública.
Ao lado dele, está Italo Alves, de 25 anos, militante da causa gay, nascido em Fortaleza. Segundo Alves, seu principal objetivo é o de "colocar o coronelismo e a corrupção cearense no museu". "Decidi entrar para a política por conta da minha história pessoal, por te sofrido preconceito e violência no ensino médio por causa da minha sexualidade", afirmou o pré-candidato a deputado federal da Rede.
Pessoas que nas redes sociais estariam "guerreando virtualmente" dividem mesas de debate.
O carioca Vitor Del Rey, de 33 anos, por exemplo, tem uma história de militância e foi o responsável por criar o primeiro coletivo negro na FGV-RJ. Ainda sem partido, Rey é próximo das pautas de esquerda e de movimentos sociais. Ele, nos últimos dias, tem almoçado e conversado bastante com a jornalista baiana Priscila Chammas, de 33 anos, que se aproximou da política participando das manifestações pró-impeachment da presidente cassada Dilma Rousseff.
Priscila estava no PSL, mas assim como os seus pares do Livres, deixou o partido depois do anúncio da entrada do deputado Jair Bolsonaro no partido. "Acredito em uma sociedade livre da presença do Estado."
Para além do embate ideológico, alguns selecionados destacam-se pela trajetória de vida. Esse é o caso de Alisson Julio, de 29 anos, analista de sistema e portador de amiotrofia muscular espinhal genética. "Quero defender a bandeira da inclusão para pessoas portadoras de deficiência. Mostrar que nós podemos e devemos ter voz na política", disse.
No mesmo grupo, é possível encontrar alguns "famosos", como o ex-ministro e o ator Wellington Nogueira, um dos criadores do grupo Doutores da Alegria (companhia de teatro que visita crianças e adultos em hospitais). Segundo bolsistas, a presença de Calero causou um certo estranhamento no começo, mas "a barreira já teria sido vencida". A organização do Renova BR e o próprio Calero negam que a entrada dele tenha sido "combinada" - ele teria passado por todas as fases de seleção como os outros participantes. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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