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Jungmann compara crime organizado à hiperinflação

O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann - Mateus Bonomi/Estadão Conteúdo
O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann Imagem: Mateus Bonomi/Estadão Conteúdo

Marcelo Osakabe

São Paulo

06/03/2018 12h47

O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, comparou nesta terça-feira (6) a questão da violência e do crime organizado no Brasil de hoje à hiperinflação vivida pelo país em décadas passadas. Segundo ele, o Brasil vive um momento "irrespirável", mas que, ao mesmo tempo, dá as condições para que o problema seja resolvido.

Naquele instante, a inflação se tornou um obstáculo na frente da sociedade. Ou resolvia ou não tinha moeda, não tinha salário, não tinha praticamente como levar uma vida. Assim é a questão da violência e da segurança pública hoje. Irrespirável

Raul Jungmann, ministro da Segurança Pública

"Quando a sociedade se dá conta disso, medidas que antes não eram possíveis agora se tornam", disse o ministro do PPS, durante a abertura da 13ª Conferência Internacional de Segurança, em São Paulo. 

Em conversa com jornalistas após a abertura da conferência, Jungmann disse que o principal desafio da pasta que comanda é de universalizar o direito à segurança para os brasileiros. "Conseguimos universalizar, com dificuldade, a questão da saúde, conseguimos universalizar a educação básica e ampliar muitíssimo a assistência social. Porém, o direito à segurança pública não é universal, sem sombra de dúvida, e é muito desigual", avaliou.

Pouco antes, ao discursar na abertura do evento, o ministro reclamou que a segurança pública não tem um piso constitucional como têm a Educação e a Saúde.

Jungmann disse que o plano de segurança está em construção e que deve sair nas próximas semanas, após reuniões com prefeitos de capitais e secretários de segurança dos Estados. Hoje, ele participou, no mesmo evento, de uma reunião com os chefes das Polícias Militares dos Estados.

Em relação à questão no Rio, Jungmann disse apenas que a intervenção vai "reestruturar e fortalecer" a segurança no Estado. Esse plano, disse, está sendo comandado pelo general Braga Netto, interventor na área de segurança no Rio. "Já estamos tendo e vamos ter resultados cada vez melhores nos próximos meses", disse o ministro.

Jungmann: Violência é ameaça à democracia

Ainda nesta terça, o ministro voltou a dizer que a violência no Brasil é uma ameaça à democracia e que a integração entre os aparatos de segurança estaduais e o recém-criado Ministério da Segurança Pública serão a palavra-chave no combate a este problema. 

Jungmann lembrou do episódio de 2016, quando, então ministro da Defesa, foi chamado ao Maranhão para ajudar na realização das eleições municipais.

"O crime que estava nas cadeias deu um salve de que não iria ter eleições, e começaram a queimar escolas. Então por aí você tem o desafio que um crime que se nacionaliza e se transnacionaliza traz para a própria democracia", disse o ministro.

Ele salientou também que o trabalho conjunto entre as forças estaduais e o governo federal vai permitir que seja possível fazer mais pela segurança mesmo em um momento de crise das finanças públicas brasileiras.

"É claro que virão recursos novos, mas sempre é possível fazer mais gastando melhor", disse, lembrando ainda que o BNDES deve disponibilizar R$ 42 bilhões nos próximos cinco anos para Estados e municípios investirem na área.