Testemunha liga vereador e ex-PM à morte de Marielle, diz jornal
O homem disse à polícia ter testemunhado pelo menos quatro conversas entre Siciliano e Araújo, nas quais a dupla debateu o assassinato de Marielle. As informações são do jornal O Globo.
O depoimento foi prestado por essa testemunha à Delegacia de Homicídios do Rio. Segundo a reportagem, ele narrou à polícia que as conversas sobre a morte de Marielle começaram em junho do ano passado. O motivo: a parlamentar passou a promover ações comunitárias em bairros da zona oeste que, embora controlados por traficantes, seriam de interesse da milícia. Segundo o jornal carioca, a testemunha relatou que a milícia chefiada por Araújo domina a Vila Sapê, favela de Curicica a partir da qual os milicianos atacam traficantes da Cidade de Deus.
Marielle teria começado a realizar ações sociais na favela, uma das bases eleitorais de Siciliano, que, segundo a testemunha, temia perder votos. A intervenção de Marielle também atrapalhava os planos de Araújo de expulsar os traficantes e dominar a comunidade.
As conversas sobre o crime teriam começado em junho, mas só em fevereiro Araújo, preso em Bangu 9 desde outubro, teria ordenado a execução. Segundo O Globo, a testemunha disse que o ex-PM pediu a dois homens de sua confiança para clonar um carro - os responsáveis por esse serviço já teriam sido identificados pela polícia.
Segundo a testemunha, um homem identificado como Thiago Macaco foi incumbido de identificar a rotina da vereadora, como os lugares que ela costumava frequentar e os trajetos que usava regularmente. Após a morte de Marielle, pelo menos dois outros assassinatos foram cometidos como "queima de arquivo", segundo a testemunha. Uma dessas vítimas foi Carlos Alexandre Pereira Maria, de 37 anos, o Alexandre Cabeça, morto em 8 de abril.
O corpo dele foi abandonado em um carro em Jacarepaguá, zona oeste. A outra vítima seria o PM reformado Anderson Claudio da Silva, de 48 anos, atingido por vários tiros ao entrar em seu carro no Recreio dos Bandeirantes (zona oeste), em 10 de abril.
A testemunha contou que instalava equipamentos de TV a cabo em uma favela e teria sido ameaçada de morte e obrigada a trabalhar para os milicianos. "Fui coagido: ou morria ou entrava para o grupo paramilitar. Virei uma espécie de segurança", disse à polícia, de acordo com a reportagem de O Globo. Ele teria trabalhado para a milícia por cerca de dois anos.
Defesas
Procurado pela reportagem, o vereador Marcello Siciliano não havia se manifestado até a publicação desta matéria. A defesa do ex-PM Araújo não foi localizada.
Jean Willys
A morte de Marielle foi executada por um "profissional muito caro" e a polícia está fechando o cerco contra os responsáveis. As informações são do deputado federal Jean Willys (PSOL-RJ), que se reuniu nesta terça com o delegado Fábio Cardoso. Willys coordena a Comissão Externa da Câmara que acompanha o caso.
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