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Suíça confisca conta 'símbolo' da Lava Jato no País

Jamil Chade

Genebra

27/05/2018 07h12

O Ministério Público de Berna, na Suíça, confiscou, de forma definitiva, a conta de uma empresa de fachada que, segundo as investigações, havia sido aberta pela Odebrecht para pagar as propinas na Petrobrás. Se os valores que restaram na conta - cerca de US$ 2 milhões - são baixos comparado aos montantes já descobertos pela Operação Lava Jato, o confisco da conta é simbólico para uma parcela dos investigadores suíços.

Foi por meio dela que a Lava Jato começou a desvendar a logística de pagamento da Odebrecht, investigação que culminou na prisão de Marcelo Odebrecht, herdeiro da empreiteira.

O dinheiro confiscado depois de uma longa batalha judicial encerra um capítulo que mudou os rumos da Lava Jato e levou à delação de 78 executivos ligados à Odebrecht. O dinheiro está depositado no banco suíço PKB, o único no país europeu alvo de um inquérito criminal por conta da Lava Jato. A suspeita é de que tenha ajudado a Odebrecht a manter pagamentos de propinas.

Ligação. Sexta-feira, 14 março de 2014. Na via Nassa n.º 62, em Lugano, na Suíça, uma reunião de emergência foi convocada entre advogados e o diretor do Departamento de Operações Estruturadas da Odebrecht, Luiz Eduardo Soares. O objetivo era analisar uma solicitação do PKB para que a Odebrecht enviasse uma carta assumindo ser a beneficiária final da conta 1.1.53’532 em nome da Smith & Nash.

Oficialmente, quem controlava a conta era o americano Berry William Herman. Mas, com as mudanças internacionais sobre protocolo de sigilo bancário, o PKB passou a comunicar às autoridades fiscais todas as informações relevantes sobre americanos com contas na Suíça. Como Odebrecht era a dona oculta da conta, o banco ofereceu duas opções para a empresa acertar a conta: reconhecer a conta como sua, com assinatura e identificação de um dirigente do alto escalão da companhia, ou pagar uma multa de US$ 1 milhão.

Contrariando orientações de advogados, a Odebrecht indicou Hilberto Mascarenhas Silva, responsável por organizar o pagamento de propinas no Setor de Operação Estruturada, como titular da conta. Junto com sua assinatura, enviou também uma cópia de seu cartão de visita. Quando a Lava Jato começou a achar os rastros de pagamentos a ex-diretores da Petrobrás no exterior, esbarrou na offshore Smith & Nash. A assinatura de Silva e o cartão da empresa ligou o esquema da Lava Jato à empreiteira baiana.

Procurada, a construtora disse que está "colaborando com a Justiça no Brasil e nos países em que atua". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.