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Cães podem apresentar comportamentos semelhantes ao TOC; entenda

Camila Tuchlinski

São Paulo

25/08/2019 11h08

Alguns comportamentos dos nossos pets podem ter origem emocional. Por isso, os tratamentos devem incluir, acima de tudo, a atenção total ao corpo e à mente de um cão.

O tutor precisa estar atento para perceber sinais que extrapolam o contexto de simples manias e indicam quadros que merecem tratamentos mais específicos.

O desenvolvimento de manias e comportamentos obsessivos pode estar relacionado a históricos de abuso físico ou emocional. Se o cão foi resgatado, era vítima de maus tratos ou das ruas, deve prestar atenção em suas funções sensoriais.

Uma boa dica para identificar um comportamento compulsivo-obsessivo dos cães é reparar a intensidade da ação, por exemplo, latidos mais frequentes, se coçar, escavar ou arranhar excessivamente. Conheça quatro ações compulsivas em pets:

Destruir as coisas

Quem tem cachorro em casa já se deparou, pelo menos uma vez, com móveis, sapatos, roupas ou outros objetos destruídos. Esse comportamento, muito comum em filhotes, pode acompanhar o pet ao longo da vida.

O que ocorre é que, ao perceber que não tem ninguém com quem interagir, o cachorro desenvolve um quadro de ansiedade e ele precisa extravasar. Essa situação de estresse em cães, geralmente, é acometida pela chamada ansiedade de separação. O termo diz respeito ao comportamento que o pet desenvolve ao sentir que está sozinho. Para ele, isso pode significar abandono. Por isso, pode latir por muito tempo, chorar, uivar ou destruir seus objetos.

Essa mania tende a diminuir quando ele percebe que há uma rotina na casa e sabe que você irá chegar. No entanto, se for um comportamento persistente, é necessário levá-lo ao veterinário para que seja realizada uma avaliação mais detalhada e prosseguir com o tratamento adequado.

Correr atrás do rabo

Existem diversos fatores que podem levar a esse tipo de comportamento. Caso seu pet corra atrás do rabo com muita frequência, leve ao veterinário para que ele seja capaz de fazer a avaliação e encontrar o real motivo.

Cães podem fazer isso por predisposição genética a comportamentos compulsivos. Perseguir o rabo também pode estar relacionado à idade. "Em filhotes, por exemplo, a atitude por ser mera brincadeira. Se esse comportamento for identificado nos idosos, pode ser indício de problemas relacionados à senilidade ou demência", afirma a veterinária Livia Romeiro, especialista em comportamento canino da Vet Quality Centro Veterinário 24h.

A falta de exercícios físicos também pode fazer com que os pets corram atrás do rabo porque eles têm tendência a ficar entediados por causa do excesso de energia acumulada.

Quadros de ansiedade, necessidade de atenção do dono, vermes e machucados na região também podem ser a causa desse comportamento. Outro ponto que importante é que raças com instinto muito forte de caça tendem a ver no rabo uma espécie de presa.

Lamber as patas

Esse comportamento é uma estratégia que o pet utiliza para informar que está entediado e precisa de uma atividade que o entretenha. Nesse caso, o melhor a ser feito é proporcionar momentos de interação. Pode ser com brinquedos, levando ele para passear ou fazendo carinho.

Apesar de ser um comportamento relativamente comum, o ato de lamber as patas é uma das manias que devem ser observadas com atenção para que não se transforme em compulsão. Caso perceba que o cão está se lambendo além dos limites a ponto de provocar ferimentos, um especialista veterinário deve ser procurado.

Fazer xixi em lugares inapropriados

Alguns cães fazem xixi na cama ou no travesseiro de quem lhe deu bronca. Isso não acontece porque eles são desaforados. Na verdade, trata-se de um sintoma que pode estar relacionado ao medo.

Após receber uma bronca ou correção, é comum que o cachorro trema e encolha o rabo. Nesse processo, o xixi acaba vazando.

Além disso, fazer xixi pode ser sinônimo de marcação de território. Se o pet estiver em um contexto que faça com que ele se sinta desafiado, pode sentir a necessidade de deixar seu cheiro em lugares específicos.

É importante lembrar que a punição só é eficaz quando o pet é pego em flagrante. Sua memória não é como a nossa e ele não é capaz de associar a bronca ao ocorrido. Além disso, ele pode entender que o erro está no próprio ato de urinar.

Tratamento para os pets

Nunca deixe de lembrar que um cachorro com transtorno compulsivo apresenta um desequilíbrio emocional e isso exige muita paciência e dedicação para que ele possa se recuperar em um ambiente que forneça equilíbrio e bem-estar.

Do ponto de vista da saúde física, é preciso intervir com soluções que tratam os sintomas. Em casos de feridas pelo corpo causadas por mordidas ou lambedura, pode ser que o médico veterinário prescreva medicamentos para inflamação. Além disso, talvez seja necessário o uso de ataduras ou aquele cone no pescoço.

Do ponto de vista comportamental, é necessário que o pet passe por um processo de reeducação e socialização. Isso é fundamental para que ele seja capaz de fortalecer a autoconfiança e se sentir seguro no ambiente onde ele vive.

Como evitar transtornos compulsivos em cães

É necessário que o tutor forneça um ambiente saudável e aconchegante para seu pet. Ele deve se sentir protegido e amado. Caso ele faça xixi fora do lugar ou destrua algum objeto, jamais use a violência física ou emocional como corretivo.

É necessário promover a realização de atividades físicas regularmente. Caminhar, pular, brincar e correr são exercícios que aliviam a tensão acumulada e previnem depressão e ansiedade.

Ofereça uma dieta equilibrada. Mantenha o calendário de vacinas e vermifugação sempre atualizado e não deixe de fazer consultas regulares com o veterinário.