Tema indígena domina discurso de Bolsonaro na ONU e gera embate
Giovana Girardi
Nova York
25/09/2019 07h58
Segundo Bolsonaro, o cacique é "peça de manobra" de governos estrangeiros. "Infelizmente, algumas pessoas, de dentro e de fora do Brasil, apoiadas em ONGs, teimam em tratar e manter nossos índios como verdadeiros homens das cavernas", disse Bolsonaro.
Acompanhado da indígena Ysani Kalapalo, do Xingu, que se declara uma "indígena do século 21", Bolsonaro improvisou em relação ao discurso que tinha levado escrito e decretou: "Acabou o monopólio do senhor Raoni", ao argumentar que Ysani teria poder de representatividade dos povos indígenas por ter sido endossada em carta do Grupo dos Agricultores Indígenas do Brasil, assinada por 52 etnias.
Repúdio
Líderes indígenas brasileiros que estão em Nova York para acompanhar a marcha contra as mudanças climáticas e a Cúpula do Clima da ONU fizeram uma forte manifestação de repúdio às declarações do presidente. "Hoje foi um dia de terror para os povos indígenas do Brasil e do mundo. Bolsonaro fez um discurso de intolerância e muita truculência. Essa fala será histórica, infelizmente, porque mancha o legado brasileiro nas Nações Unidas", afirmou Sônia Guajajara, da Terra Indígena Arariboia, no Maranhão, e coordenadora executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib).
Citado por Bolsonaro, o cacique Raoni Metuktire estava previsto para falar com a imprensa nesta terça-feira, 25, mas passou mal e se dirigiu para o aeroporto para retornar ao Brasil. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.