'Se o pessoal me ajudasse um pouquinho, o Brasil ia embora', diz Bolsonaro
"Isso é uma guerra ideológica em cima disso, guerra de poder. Se o pessoal me ajudasse um pouquinho, não me atrapalhasse - não estou me refiro a A, B ou C -, o Brasil ia embora", declarou o presidente para um grupo de apoiadores na saída do Palácio da Alvorada.
O presidente voltou a mencionar o médico cardiologista Roberto Kalil Filho, que admitiu ter usado a droga em seu tratamento contra o novo coronavírus. No pronunciamento de ontem, Bolsonaro já havia elogiado Kalil. Apesar de nos últimos dias ter defendido o medicamento como um tipo de "cura" para o novo coronavírus, o próprio presidente lembrou que a droga não tem eficácia comprovada.
"Tem médico que usa. Tá usando tem quase dois meses. A gente sabe que não está ainda comprovado cientificamente, mas...", disse sem completar a frase.
Bolsonaro citou novamente a suposta administração de água de coco na veia de soldados feridos na Segunda Guerra Mundial para justificar o uso da hidroxicloroquina em pacientes da covid-19.
"Eu contei uma história bacana da guerra no Pacífico. O soldado chegava sem sangue e não tinha transfusão, não tinha outro para doar. Então, o pessoal lá botou água de coco na veia e deu certo. Serviu como soro, imagina se fosse esperar uma comprovação científica, quantos não morreriam? Aqui a mesma coisa", disse.
Na mensagem à população nesta quarta-feira, Bolsonaro mencionou que o País deve receber até este sábado, 11, matéria-prima vinda da Índia para ser usada na produção da hidroxicloroquina. O material que chegará ao Brasil, segundo Bolsonaro, é fruto de uma "conversa direta" dele com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi.
Hoje em suas redes sociais, o presidente agradeceu o primeiro-ministro indiano e destacou que ele fez "um gesto honroso que poderá ajudar a salvar a vida de muitos brasileiros, e do qual jamais esqueceremos".
Recomendação
A hidroxicloroquina já tem protocolo de uso aprovado pelo Ministério da Saúde para casos graves e moderados de covid-19. O ministro da pasta, Luiz Henrique Mandetta, tem ressaltado, contudo, que se trata de uma substância que ainda não foi devidamente testada, com contraindicações e que deve ser ministrada apenas pelo médico em casos específicos.
Nesta semana, Mandetta afirmou que o ministério acompanha estudos clínicos sobre a eficácia de medicamentos contra o novo coronavírus, entre eles a cloroquina e a hidroxicloroquina. Os primeiros resultados científicos devem ser conhecidos a partir do próximo dia 20.
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