Na retal final, Melo e Manuela polemizam sobre racismo em Porto Alegre
Lucas Rivas, especial para o Estadão
Porto Alegre
25/11/2020 17h47
Nesta terça-feira, 24, a propaganda da candidata à prefeitura pelo PCdoB, Manuela D'Ávila, apresentou na sua propaganda na TV um vídeo no qual mostra o vice-presidente Hamilton Mourão afirmando que não existe racismo no Brasil. O áudio de Valter Nagelstein (PSD), que concorreu à Prefeitura, mas não passou para o segundo turno, falando sobre o despreparo da bancada negra eleita pelo PSOL, também é reproduzido. A peça apresenta os dois políticos como apoiadores de seu concorrente, Sebastião Melo (MDB).
Ele registrou um boletim de ocorrência contra Manuela por "crime eleitoral". Melo afirmou que a adversária o associou ao racismo ao veicular a propaganda. Ele negou as insinuações, afirmou que "eleição a gente pode ganhar ou perder, mas não manchar biografias" , que "sentiu-se atingido na sua honra pessoal". Na própria terça-feira, ele e Nagelstein recorreram à Justiça Eleitoral, pedindo a retirada do vídeo do ar. Mas nesta quarta-feira, o juíz eleitoral da 161ª Zona Eleitoral, Leandro Figueira Martins, rejeitou o pedido.
Pelo Facebook, Manuela rebateu, afirmando que Melo busca criar um "fato eleitoral" e que ele responderá na Justiça. Segundo ela, seria mais fácil o candidato do MDB dizer que não concorda com as afirmações. "Mas ele age contra mim." Ela defende que "o povo tem o direito de saber" quem são as companhias de Melo.
Desde a morte de João Alberto Freitas, o racismo não havia pautado o debate político. Os candidatos repudiaram publicamente o espacamento no hipermercado e cancelaram compromissos de campanha em respeito à vítima. Na noite de terça-feira, pesquisa Ibope para o segundo turno apontou Melo com 49% das intenções de voto ante 42% de Manuela.