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Metralhadoras estavam em carro de negociante de armas para o Comando Vermelho

São Paulo

01/11/2023 18h28

Uma operação conjunta de policiais civis do Rio e de militares do Exército levou ao encontro de mais duas metralhadoras calibre .50 furtadas do Arsenal de Guerra de São Paulo, em Barueri. Um fuzil FAL calibre 7,62 mm também foi recuperado, cuja origem está sendo investigada. As armas estavam em um carro estacionado na Avenida Lúcio Costa, na Praia da Reserva, na zona oeste carioca, em um carro.

O veículo pertenceria a Jesse Marques Fidelix, o homem apontado pelos investigadores como sendo o intermediário entre os responsáveis pelo desvio das metralhadoras e a venda das armas para traficantes de drogas do Comando Vermelho. Com o encontro de mais duas metralhadoras, já são 19 as armas recuperadas - 11 Browning calibre .50 e oito MAG de calibre 7,62 mm. Faltam apenas duas metralhadoras calibre .50 para serem encontradas.

A suspeita dos militares é de que todas essas armas tenham sido negociadas com integrantes do Comando Vermelho (CV) e do Primeiro Comando da Capital (PCC). Na manhã desta quarta-feira, dia 1º, homens do Comando Militar do Sudeste e da PM de São Paulo fizeram uma nova operação de buscas na favela da Vila Nova Galvão, em Guarulhos, na Grande São Paulo.

Foram 30 homens da Polícia do Exército e 15 do Comando de Operações Especiais (COE), da PM. Os militares apreenderam celulares e computadores de suspeitos de ligação com o tráfico na comunidade. Os aparelhos serão examinados pela perícia. Segundo o general de brigada Maurício Vieira Gama, chefe do Estado-Maior do Comando Militar do Sudeste (CMSE), as duas armas ainda desaparecidas estariam em São Paulo. "Consideramos o episódio inaceitável."

Esta foi a segunda operação consecutiva do Exército para fazer buscas na mesma favela. Na manhã de ontem, um outro mandado de busca na mesma comunidade foi cumprido por militares do Exército e da PM. Os militares cumpriam mandados de buscas e apreensão expedidos pela Justiça Militar no âmbito do Inquérito Policial-Militar (IPM) que apura o desvio das metralhadoras do arsenal.

De acordo com o general, os militares e a polícia usaram mais uma vez "a estratégia da dissuasão". Ou seja, a ameaça de sufocar as ações dos bandidos levou ao encontro de mais uma parte do armamento. Ainda segundo ele, a apuração sobre as circunstâncias do encontro das duas metralhadoras no Rio ficará a cargo do IPM aberto pelo Comando Militar do Leste. O IPM deve ainda verificar a origem do fuzil apreendido. Sua numeração estava raspada. "Não temos registro de desaparecimento de um fuzil. Ele pode não ser do Exército" afirmou o general

De acordo com as investigações do Exército, as metralhadoras foram furtadas entre os dias 5 e 8 de setembro. Houve violação de lacre e de cadeados da reserva das armas onde elas ficam guardadas. Além disso, os militares envolvidos no crime desligaram as câmeras de segurança do lugar, mas as impressões digitais de um dos suspeitos foram encontradas no lugar.

As primeiras oito metralhadoras foram recuperadas depois que o Exército ameaçou ocupar comunidades controladas pelo Comando Vermelho no Rio. No dia 19 de outubro, bandidos abandonaram quatro metralhadoras calibre .50 e outras quatro calibre 7,62 mm em um carro na favela Gardênia Azul, na zona oeste do Rio. No dia 21 de outubro, outras cinco armas de calibre .50 e quatro 7,62 mm foram recuperadas depois que bandidos ligados ao PCC abandonaram as armas na área próxima ao poço profundo Mombaça, da Sabesp, em São Roque, na Grande São Paulo.

A investigação do caso levou ainda à punição disciplinar de em São Paulo de 19 militares - 16 dos quais oficiais - em razão da negligência ou falha na guarda das armas no arsenal. Eles receberam punições de um a 20 dias de prisão. O Exército ainda não decidiu se deve ou não abrir conselho de justificação para expulsar eventuais acusados. Outros seis tiveram a prisão preventiva pedida pelo CMSE à Justiça Militar, que ainda não se decidiu.

O principal suspeito de ter articulado o furto das armas é o cabo Vagner Tandu. Ele trabalhava como motorista do comandante da unidade, o tenente-coronel Rivelino Barata de Sousa Batista, que foi afastado do cargo por ordem do comandante do Exército, general Tomás Miguel Ribeiro Paiva.

De acordo com policiais do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), que auxilia nas investigações, dois civis são suspeitos de terem negociado as metralhadoras furtadas do Exército em São Paulo. São eles: Alexandre Cardoso, de 41 anos, conhecido como Gordo, e Messias Barbosa de Pádua, o Velho, de 60 anos. Velho seria o chefe do tráfico na Vila Galvão, onde foram cumpridas os mandados de busca e apreensão. O general afirmou que não podia dizer se Velho foi um dos alvos das buscas.

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