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Nunes chama presidente da Enel de 'mentiroso' e quer saída da empresa da cidade

Prefeito de São Paulo Ricardo Nunes (MDB) Imagem: Wanderley Preite Sobrinho

São Paulo

10/01/2024 19h08Atualizada em 10/01/2024 19h19

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), chamou o presidente da Enel São Paulo, Max Xavier Lins, de "mentiroso", classificou a empresa como "irresponsável" e disse que irá solicitar à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) que retire a companhia responsável pelo fornecimento de energia da cidade. A empresa não comentou as declarações, mas disse atuar para restabelecer totalmente o serviço.

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As declarações foram dadas após milhares de paulistanos ficarem sem energia elétrica por mais de 20 horas após as fortes chuvas registradas na segunda-feira, 8. Na terça-feira, 9, um novo temporal voltou a ocasionar queda de energia em parte dos bairros da cidade. O Corpo de Bombeiros recebeu centenas de chamados para quedas de árvores na capital.

De acordo com o prefeito, a Enel vem descumprindo determinação judicial no que diz respeito ao plano de contingência para o caso de falta de luz na cidade - o plano havia sido demandado pela Prefeitura em uma ação na Justiça contra a concessionária em novembro. Nunes também demonstrou não estar mais disposto a manter diálogo com a companhia.

"O presidente mundial da Enel, na semana passada, me pediu uma reunião. Eu estou resistindo a fazer, porque não tem mais o que conversar com essa turma, porque são irresponsáveis. Falo isso com todas as letras, irresponsáveis. Antes de ontem, por exemplo, eu fui na Vila Nova Conceição, fiquei lá até de madrugada, com dezenas de árvores caídas - só naquele bairro, foi a região mais atingida, chegou a ter 86 km/h de vento ali -, tinha uma equipe só da Enel", afirmou Ricardo Nunes.

"(Na ocasião) eu falei novamente com o Max (Xavier Lins, presidente da empresa em São Paulo), e perguntei 'vocês só estão com uma pessoa aqui?'. Ele falou 'não, não é verdade', e eu falei 'eu estou aqui'. Mandei minha localização no WhatsApp", relatou o prefeito. "O Max me mandou um Whatsapp dizendo que tinha 800 equipes. É mentira, é mentira. Ele é mentiroso."

De acordo com Ricardo Nunes, a Prefeitura já está se mobilizando para pedir o fim da atuação da Enel no município. "A minha relação com a Enel é essa: na defesa do interesse da cidade, ficar brigando com esses irresponsáveis. Conversei com a doutora Marina (Magro, procuradora do Município) para a gente ingressar de novo na Justiça, e fazer uma representação para a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), porque tem que acabar. Essa empresa precisa sair daqui", declarou o prefeito.

Em novembro, após um temporal que deixou milhões sem luz na região metropolitana, o prefeito ingressou na Justiça contra a concessionária. A ação civil pública falava em "descumprimento de acordo da empresa com a capital paulista e de outras normas legais".

Em dezembro, a Justiça decidiu, em uma ação do Ministério Público e da Defensoria Pública, que a companhia deveria atender os consumidores "de forma adequada mesmo nos dias críticos", informando "de maneira individualizada seus clientes acerca da previsão de restabelecimento do fornecimento" e divulgando "em seu site e nas contas os índices de qualidade de prestação do serviço". Multas poderiam ser aplicadas em caso de descumprimento.

Nesta quarta-feira, 10, Nunes disse ainda que pedirá à Justiça que a Enel exiba em seu site dados completos, com dia e horário, de pedidos de reestabelecimento de energia, bem como utilize um sistema de georreferenciamento para mostrar onde estão atuando as equipes de reparo.

A Enel disse que não comentaria as declarações do prefeito. Em nota pública sobre os problemas recentes na capital paulista, a empresa disse que restabeleceu o serviço para mais de 60% dos consumidores afetados pelas novas chuvas da terça-feira. "Mais de 800 equipes seguem trabalhando ininterruptamente, inclusive durante a madrugada, para restabelecer integralmente o fornecimento para todos."

A Aneel, por sua vez, afirmou em nota que "o tema é prioridade" e que segue apurando a responsabilidade pelo apagão de novembro. "Foram instaurados processos de fiscalização nas sete distribuidoras que atendem o Estado de São Paulo e estão sendo analisadas diversas dimensões do problema", como a preparação delas para eventos críticos, a capacidade de restabelecimento e o quantitativo das equipes utilizadas na recomposição, para aplicação de eventuais sanções, diz a Aneel.

"Nos últimos cinco anos foram instaurados 17 processos de fiscalização nas concessionárias do Estado de São Paulo, com penalidades da ordem de R$ 211 milhões. Outra medida foi a alteração das regras de compensação aos consumidores que tiveram seu fornecimento de energia interrompido, aumentando os valores de compensação aos consumidores prejudicados. Em 2023, as concessionárias do Estado de São Paulo ressarciram mais de R$ 160 milhões diretamente aos consumidores", completa a nota. A Agência não se pronunciou sobre a intenção de Nunes de pedir que a Enel seja retirada do município de São Paulo.

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