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PF: Cariani e sócia 'tinham controle total' sobre produtos desviados para tráfico

O influenciador fitness Renato Cariani Imagem: Reprodução / Instagram

Do Estadão Conteúdo, em São Paulo

30/01/2024 18h17Atualizada em 30/01/2024 18h37

A Polícia Federal em São Paulo concluiu que o influenciador fitness Renato Cariani e sua sócia Roseli tinham 'total controle sobre a venda, pagamento e saída dos produtos químicos' da empresa Anidrol, pivô de um suposto esquema que desviou 12 toneladas de produtos químicos para produção de drogas - cocaína e crack. A corporação concluiu neste mês o inquérito da Operação Hinsberg e reforçou o indiciamento de Cariani por tráfico equiparado, associação para o tráfico e lavagem de dinheiro - como mostrou o Estadão em dezembro.

Desde a abertura da ofensiva, Cariani nega irregularidades em sua empresa. Quando as diligências foram cumpridas, em dezembro, o influenciador se classificou como uma outra 'vítima' das fraudes. A reportagem busca contato com a defesa do influenciador. O espaço está aberto para manifetações.

O relatório conclusivo foi encaminhado ao Ministério Público Federal que pode, ou não, denunciar os investigados da Hinsberg. Além de Cariani e sua sócia, foi indiciado Fábio Spinola Mota, apontado como 'amigo' do influenciador fitness. Ele seria responsável, segundo a PF, por 'esquematizar o repasse dos insumos à preparação de drogas'.

"Como resultado da investigação desenvolvida até o momento, confirmaram-se os indícios da efetiva existência e atuação de um grupo criminoso, cujo modus operandi consiste em utilizar interpostas pessoas como depositantes de dinheiro em espécie, sob responsabilidade da LBS, Astrazeneca e Cloroquímica, para a Anidrol e Quimiteste, com vistas a justificar a saída dos produtos químicos para o narcotráfico", escreveu o delegado Vitor Beppu Vivaldi em despacho assinado no último dia 10.

O trio indiciado foi alvo de diligências em ofensiva aberta em dezembro. Na ocasião, a PF chegou a pedir a prisão dos investigados, mas a medida foi negada pela Justiça. À época, a PF narrou que a empresa pertencente a Cariani teria lucrado ao menos R$ 3,7 milhões com a venda de insumos para o tráfico de drogas.

Agora, os investigadores narram a Procuradoria que foi possível 'reunir elementos que evidenciaram a materialidade e indícios de autoria em torno do crime de vender, em desacordo com determinação legal ou regulamentar, produto químico destinado à preparação de drogas'.

"É fato que os produtos químicos das 60 notas fiscais emitidas, de forma fraudulenta, saíram da Anidrol e Quimietest. Fraudulenta, uma vez que restou comprovado que as pessoas jurídicas que constam nos documentos fiscais como compradoras não participaram das transações e seus dados foram utilizados ilicitamente para promover os desvios. Os produtos foram retirados da sede das empresas vendedoras por pessoas sem a documentação legal exigida tanto para o transporte como para a aquisição dos insumos", narrou a PF.

A corporação destacou como os químicos que contam nas notas fiscais sob suspeita 'são imprescindíveis à preparação de drogas'. "Embora os fármacos possuam fins lícitos, a investigação jogou luz nas ações da associação criminosa que indicam o destino criminoso das substâncias", frisaram os investigadores.

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