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Padre Kelmon lançou candidatura sem conversar com PRD, e partido nega apoio

Ex-candidato à Presidência, Padre Kelmon anunciou que vai concorrer à prefeitura de São Paulo em 2024 Imagem: Marlene Bergamo/Folhapress

São Paulo

31/01/2024 21h08Atualizada em 31/01/2024 21h35

Ex-candidato à Presidência, Padre Kelmon (PRD) anunciou pré-candidatura à prefeitura de São Paulo nas eleições de 2024, mas não tem apoio dentro do seu próprio partido. O assunto sequer foi debatido internamente, segundo o presidente do PRD, Ovasco Resende. "Não temos conhecimento nenhum disso na executiva nacional. Posso dizer com 100% de certeza que ninguém teve essa conversa, nada."

Procurado pelo Estadão, Padre Kelmon, que ficou conhecido pelas "dobradinhas" nos debates na TV com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), disse que o anúncio é uma decisão dele, atendendo a um "chamado do povo de São Paulo". Ele não respondeu se teve ou não conversas com a direção do partido antes de anunciar a candidatura, mas reclamou do tratamento recebido.

"Se o presidente do partido está dizendo isso, ele está querendo dizer que o Padre Kelmon procure outra casa. Então, eu vou procurar", declarou o padre. "O que eu confirmo é que sou pré-candidato à prefeitura de São Paulo. Partido não faltará."

O PRD ainda não definiu se terá um nome próprio nas eleições da capital paulista, mas já descarta tanto o Padre Kelmon quanto o deputado federal Ricardo Salles (PL-SP). A sigla, criada a partir da fusão entre o PTB e o Patriota para atingir a cláusula de barreira, tem direito ao tempo de propaganda gratuita em rádio e televisão, o que pode ser usado como moeda de troca ao negociar apoio. Por outro lado, não tem presença garantida em debates caso entre na disputa.

Kelmon é oriundo do PTB. Ainda que o antigo partido tenha ajudado a alcançar o percentual mínimo de votos em nove estados, ele não elegeu nenhum deputado ou senador na eleição passada. O Patriota atualmente conta com quatro representantes na Câmara. Ainda assim, o número é insuficiente para garantir a participação em um eventual debate na TV; a Lei das Eleições exige uma bancada de ao menos cinco parlamentares no Congresso.

A aposta do PRD para a eleição municipal em São Paulo era Ricardo Salles, ex-ministro do Meio Ambiente do governo de Jair Bolsonaro (PL). Ele, no entanto, desistiu pela segunda vez da candidatura depois que o partido optou por não dar uma carta de anuência para que se desfiliasse sem perder o mandato. O PL apoiará o atual prefeito da cidade, Ricardo Nunes (MDB), e entregou a ele uma lista de potenciais candidatos a vice na segunda-feira, 29.

Outra liderança do partido consultada pelo Estadão reclamou da falta de vontade do deputado em migrar ao partido. Ainda havia esperanças, por exemplo, de que Salles tentasse ao menos consultar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre a possibilidade de se desfiliar com justa causa, pelo fato de ter atingido sozinho o quociente eleitoral na eleição para deputado ou por um suposto racha no partido que poderia configurar desvio do programa partidário. O assunto é dado como perdido nos bastidores.

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