Fugitivo de prisão federal tem acusações desde a adolescência e foi condenado por latrocínio
Agência Estadão
15/02/2024 11h40
Deibson Cabral Nascimento, um dos dois homens que conseguiram fugir da penitenciária de segurança máxima de Mossoró, no Rio Grande do Norte, tem 33 anos e uma longa ficha criminal que começou ainda na adolescência e seguiu durante a vida adulta. Os registros incluem crimes que vão de tráfico de drogas a latrocínio, chegando a uma rebelião em uma cadeia do Acre. Sua defesa não foi localizada para comentários.
Em julho de 2004, quando tinha 14 anos, teve o primeiro registro na Justiça, como adolescente infrator em Rio Branco. O crime está relacionado ao porte de arma, segundo histórico criminal obtido pela reportagem. No ano seguinte, Nascimento foi apontado pela polícia como autor de um roubo.
Em 2008, ele completou 18 anos e seguiu seu histórico criminal, agora como adulto. Em fevereiro de 2009 foi detido por porte ilegal de arma de fogo de uso permitido. Em julho do mesmo ano, foi preso na mesma cidade por latrocínio (roubo seguido de morte), crime pelo qual foi condenado em fevereiro de 2011 a 28 anos e nove meses de prisão.
Em 2009, ainda teve pelo menos mais três acusações da polícia que chegaram à Justiça. Os anos seguintes Nascimento foi acusado de praticar lesão corporal, dano e resistência. Em março de 2012, foi novamente preso e processado por roubo qualificado, sempre na capital acriana.
Na cidade de Brasileia, ele foi indiciado e processo por roubo, extorsão e homicídio qualificado.
Preso desde 2015, Nascimento foi acusado de praticar crime inclusive dentro da cadeia. Em 17 de julho do ano passado, quando ainda estava no presídio estadual de segurança máxima Antônio Amaro Alves, em Rio Branco, ele foi visto por dois policiais penais tentando recolher pela janela de sua cela um invólucro contendo 30 tabletes de uma substância semelhante a maconha. Pela conduta, foi acusado de tráfico de drogas - em depoimento, ele negou.
Nove dias depois, em 26 de julho, houve uma rebelião na penitenciária. A revolta, iniciada por 26 presos, causou a morte de cinco pessoas, três delas decapitadas. Depois disso, Nascimento foi transferido para uma penitenciária federal.
Buscas
Da instalação de um heliponto improvisado dentro da prisão ao reforço do policiamento nas divisas do Rio Grande do Norte com Estados vizinhos, as forças de segurança pública se mobilizam na tentativa de localizar os dois detentos que escaparam do presídio federal de Mossoró.
A fuga, inédita no sistema federal, abriu a primeira crise da gestão de Ricardo Lewandowski à frente do Ministério da Justiça e da Segurança Pública e já motivou a demissão do diretor da unidade de segurança máxima.
Deibson Cabral Nascimento e Rogerio da Silva Mendonça, ligados ao CV (Comando Vermelho), escaparam da Penitenciária Federal de Mossoró, fugiram na madrugada de ontem e ainda é investigado se houve ajuda de agentes da unidade.
O governo pediu à Polícia Federal que inclua o nome da dupla no Sistema de Difusão Laranja da Interpol e no Sistema de Proteção de Fronteiras, para que os foragidos sejam procurados pela polícia internacional.
Em paralelo, a PRF (Polícia Rodoviária Federal) e as forças de segurança não só do Rio Grande do Norte, como de Estados vizinhos, auxiliam nas buscas.