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8 meses

Nunes: Contrato de ônibus de acusados de relação com PCC não pode ser rompido por suspeitas

O prefeito Ricardo Nunes (MDB) Imagem: Gabriel Silva/Ato Press/Estadão Conteúdo

São Paulo

12/04/2024 20h52Atualizada em 12/04/2024 21h06

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), afirmou nesta sexta-feira, 12, que não pode neste momento rescindir os contratos firmados com empresas de ônibus investigadas por suposta ligação com o Primeiro Comando da Capital (PCC). Ele argumenta que não pode agir com base em suspeitas e prefere esperar por uma possível condenação antes de romper os negócios. Além disso, destacou que sua principal preocupação é manter o transporte coletivo funcionando na capital paulista.

"Indícios existem há décadas. Comentários de que organização criminosa participa de empresas de ônibus existem há décadas. De concreto, uma condenação que faça com que a administração mude o seu contrato, que dê respaldo jurídico para alguma mudança, efetivamente a gente não tem", disse Nunes em entrevista ao canal SBT News.

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Segundo Nunes, foi a própria Prefeitura que solicitou ao Ministério Público que investigasse as empresas, uma vez que somente o órgão poderia realizar a quebra do sigilo fiscal e telefônico dos suspeitos. Ele reiterou que a Prefeitura é a parte mais interessada na resolução do caso.

"Não posso atuar com suspeitas", ponderou ao canal de TV. "Não posso romper um contrato baseado em suspeitas, porque as pessoas estão lá no processo da sua defesa. Mas tenho esperança, expectativa, que dessa vez eles (Ministério Público) vão, com essa grande operação, resolver essa situação", completou.

Na terça-feira, 9, ocorreu a Operação Fim da Linha, a maior já realizada contra a infiltração do crime organizado no poder público municipal no País. O resultado de uma investigação de quatro anos conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de São Paulo, em conjunto com a Receita Federal e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Quatro acusados foram presos. No mesmo dia, 29 pessoas foram denunciadas à Justiça.

As empresas UPBus e Transwolff estão sob investigação, com a UPBus sendo apontada como controlada por membros da alta cúpula do PCC e seus familiares. No total, sete companhias estão ou já foram investigadas pela polícia e Ministério Público, como revelado pelo Estadão em fevereiro. Essas empresas, juntas, são responsáveis pelo transporte de 27,5% dos passageiros de ônibus na capital e receberam R$ 2 bilhões da Prefeitura apenas em 2023.

A Justiça decretou a prisão de três acionistas das empresas e de um contador, além de impor medidas cautelares a outros cinco acusados. Também foi determinado o bloqueio de R$ 684 milhões em bens dos investigados para ressarcimento das vítimas. Além disso, o Gaeco convocou como testemunhas o vereador Milton Leite (União), presidente da Câmara Municipal de São Paulo, e o deputado federal Jilmar Tatto (PT-SP), ex-secretário dos Transportes da cidade, no caso envolvendo a Transwolff.

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