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Juscelino é quem decide se fica no cargo enquanto se defende em inquérito da PF, diz Padilha

Ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil) foi indiciado pela PF Imagem: Antonio Cruz/Agência Brasil

Brasília

15/06/2024 08h28

O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse que caberá ao colega das Comunicações, Juscelino Filho, decidir se vai permanecer no cargo enquanto se defende das suspeitas que levaram ao seu indiciamento nesta semana pela Polícia Federal.

A corporação imputa a Juscelino indícios de crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa após investigar a prática de desvios de verbas federais da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).

Como revelou o Estadão, Juscelino Filho, quando era deputado federal, destinou recursos do Orçamento para asfaltar uma estrada que passa na fazenda de sua família no interior do Maranhão. Depois de assumir o cargo no governo Lula, o ministro usou avião da FAB para ir assistir a leilão de cavalos em São Paulo.

Relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) confirmou que a aplicação do dinheiro público no asfaltamento beneficiou diretamente as propriedades de Juscelino e da família do ministro.

"Se ele considera que pode se defender, ocupando (o cargo), fazendo o bom trabalho que está fazendo (no Ministério das Comunicações), é óbvio que é uma questão individual dele", disse Padilha em entrevista ao Estadão/Broadcast. "Eu tenho sentimento de que até agora ele foi se explicar, foi se defender ocupando e exercendo um bom trabalho no Ministério das Comunicações."

Segundo o ministro da articulação política do governo, Juscelino conta com o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para se defender. "Nós vamos sempre primar pela presunção da inocência, até porque a gente já viu muita gente ser injustamente condenada publicamente e depois ser visto que não tinha qualquer responsabilidade sobre aquele fato", afirmou. "O ministro Juscelino conta, não só comigo, mas certamente com o presidente Lula, com todo o espaço para se defender, para poder provar sua inocência."

'Verdade'

Em viagem internacional nesta semana, Lula disse que conversará com o ministro das Comunicações na volta ao País. "Digo para todo mundo, só você sabe a verdade. Se você cometeu erro, reconheça que cometeu. Se não cometeu, brigue pela sua inocência", afirmou o presidente quando desembarcou em Genebra, anteontem.

Em nota divulgada após o indiciamento pela PF, o ministro das Comunicações afirmou que o enquadramento da investigação policial é "uma ação política e previsível" e "parte de uma apuração que distorceu premissas, ignorou fatos e sequer ouviu a defesa sobre o escopo do inquérito". Juscelino alegou ainda que o inquérito da PF "repete o modus operandi da Operação Lava Jato".

O Estadão apurou que o relatório final da investigação cita ainda a suspeita de crimes de falsidade ideológica, frustração de caráter competitivo de licitação e violação de sigilo em licitação, previstos no Código Penal.

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