Deputado apoiado por Bolsonaro em Belém já brigou na Câmara: 'Tira esse canalha daí'
Rio
01/07/2024 15h16
Alvo de processo por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, o deputado federal Éder Mauro (PL-PA) se notabilizou por promover confusões, bate-bocas e pela atuação bélica como parlamentar no Congresso Nacional.
O perfil alinhado ao "bolsonarismo raiz" e a subserviência ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deve garantir ao parlamentar dividendos eleitorais. Ele é um dos pré-candidatos apoiados diretamente pelo ex-chefe do Executivo para as eleições municipais deste ano.
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Pré-candidato à Prefeitura de Belém (PA), Éder Mauro acumula brigas e baixarias nos corredores e comissões da Câmara. No episódio mais recente, no início de junho, ele e um assessor empurraram um militante aos gritos após o homem insultar o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores. Procurado pelo Estadão, o deputado não retornou às tentativas de contato.
"Bolsonaro na Papuda", gritou, em referência ao complexo penitenciário no Distrito Federal, enquanto era retirado da sala da Comissão de Direitos Humanos.
"Tira esse canalha daí", falou o deputado federal Éder Mauro.
"Canalha é teu pai", respondeu o ativista.
"Vem me dizer na minha cara aqui, se tu é homem", treplicou o parlamentar, que então levantou e partiu para cima.
Já fora da sala da comissão, Éder Mauro começa a fazer questionamentos em tom efusivo enquanto usa o peito para empurrar o militante. "Quem é o canalha? Quem é o canalha, hein?", perguntou. Ato contínuo, um homem identificado como assessor de Éder Mauro tenta desferir um tapa no cidadão. "Respeita o cara, rapaz. Respeita o cara", disse.
O cenário eleitoral em Belém é favorável ao deputado. Levantamento do Instituto Paraná Pesquisas, divulgado no dia 15 de junho, mostra o deputado bolsonarista na liderança com 30% das intenções de voto, seguido por Igor Normando (MDB), ex-secretário de governo e apoiado pelo governador Helder Barbalho (MDB), com 18,4% das intenções de voto. O atual prefeito, Edmilson Rodrigues, apoiado pelo PT, aparece em terceiro, com 13,4%.
Foram entrevistadas 800 pessoas com 16 anos ou mais em Belém (PA). O índice de confiança é de 95%. A margem de erro é de 3,5 pontos percentuais para mais ou para menos. O levantamento está registrado no TSE sob o número PA-04749/2024.
Em março, nova polêmica, deputados de esquerda e de direita brigaram em razão da discussão sobre a morte da ex-vereadora do Rio Marielle Franco, morta em 2018. A sessão teve que ser encerrada por conta da confusão. Lá estava Éder Mauro.
Parlamentares apoiadores de Bolsonaro exibiram uma foto de Domingos Brazão, auditor-fiscal do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, fazendo campanha para Dilma Rousseff, provocando o entrevero.
"Tá aqui quem mandou matar Marielle", disse Delegado Éder Mauro (PL-PA), enquanto exibia a imagem. "Vocês vão ter que arrumar outro defunto para poder atribuir a Bolsonaro porque esse defunto que está aí é de vocês."
Enquanto deputados do PSOL, partido da ex-vereadora, protestavam, Delegado Caveira (PL-PA) pegou a imagem das mãos de Éder Mauro e exibiu na cara de Tarcísio Motta (PSOL-RJ).
A troca de ataques entre deputados de esquerda e direita se alongou. "Vocês vão para a cadeia", disse Tarcísio. "Vocês comunistas que mataram Marielle", rebateu Éder Mauro.
A morte de Marielle já havia sido usada como combustível politiqueiro dias antes na Comissão de Direitos Humanos. A confusão começou após Éder Mauro provocar a esquerda ao falar o nome da ex-vereadora do Rio na véspera do dia em que ela foi assassinada há seis anos. Éder Mauro disse que Marielle "acabou". O tumulto foi tão grande que a reunião precisou ser encerrada pela presidente do colegiado, Daiana Santos (PCdoB-RS).
O apoiador do ex-presidente Bolsonaro disse que congressistas "feministas que defendem bandidos do Rio" não se manifestam a favor das mulheres estupradas por terroristas do Hamas em invasão a Israel, em outubro de 2023. Daí, então, ele mencionou o nome de Marielle. "Mas se fosse Marielle Franco tenha certeza que elas estariam até hoje (defendendo)", afirmou.
No meio do tumulto, Éder Mauro ainda disse que foi a esquerda que matou Marielle, algo que ele já falou em outras comissões no ano passado. Após a saída dos deputados da oposição da sala da Comissão de Direitos Humanos, Talíria começou a chorar e precisou ser amparada pelos colegas Daiana Santos e Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ).
'Deputado, cale a boca'
O primeiro depoimento da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos Golpista de 8 de Janeiro, em junho do ano passado, precisou ser interrompido por causa de um bate-boca envolvendo Éder Mauro. A relatora do colegiado, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), chegou a mandar o deputado "calar a boca".
"Deputado, cale a boca, vá gritar em outro lugar', disse a senadora. Éder, por sua vez, respondeu que ninguém o mandaria se calar. O confronto entre os parlamentares se acirrou a tal ponto que o presidente da CPMI, Arthur Maia (União Brasil-BA), determinou a suspensão dos trabalhos pelo prazo de cinco minutos.
A discussão começou porque Eliziane confrontou o ex-diretor Silvinei Vasques sobre um processo que ele respondeu por agredir um frentista em Goiás. Segundo Éber Mauro, a relatora tentou pressionar o depoente. Foi neste momento que a discussão se iniciou e passou a envolver diversos parlamentares governistas e de oposição.