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Nápoles poderá processar quem falar mal da cidade

Sítio arqueológico de Pompeia, perto de Nápoles - Ciro de Luca/Reuters
Sítio arqueológico de Pompeia, perto de Nápoles Imagem: Ciro de Luca/Reuters

Em Nápoles

18/04/2017 16h23

Quem chamar a cidade de Nápoles de "esgoto da Itália", dizer que o vulcão Vesúvio deveria entrar em erupção e "lavar com fogo" os napolitanos e afirmar que toda a população local está envolvida com a máfia Camorra poderá no futuro ser processado.

Após tantos anos de comentários maldosos, ofensas e xingamentos de todos os tipos, o município, com seu prefeito, Luigi de Magistris, à frente, dará um basta aos ataques contra Nápoles e seus habitantes a partir do site "Difendi La Città" ("Defenda a Cidade"). No portal, poderão ser denunciadas as ofensas que foram feitas, provando-as com fotos, áudios, vídeos e até screenshots de páginas e perfis de redes sociais que depois serão investigadas mais a fundo pela cidade para serem julgadas se assim for decidido pela polícia local.   

"Uma novidade interessante, uma comunidade que defende a própria comunidade", disse De Magistris. No entanto, o anúncio do site já causou opiniões diversas, de quem aprova a iniciativa e de quem afirma que ela se trata de uma "caça às bruxas" com "métodos de Gestapo", como era chamada a polícia secreta do Estado alemão durante o nazismo.

A apresentação do portal, que pode ser lida na própria página, afirma que "há tempo, mas sempre mais frequentemente, se vê uma narrativa distorcida e muitas vezes difamatória da cidade de Nápoles, tonando-a em objeto de preconceitos, estereótipos e generalizações que trazem danos".   

"Fizeram de tudo para nos destruir", resumiu o prefeito em dialeto napolitano que também ressaltou que o projeto não faz com os napolitanos sejam vistos como vitimistas ou chatos. E se alguém for condenado a pagar pelos danos cometidos, o dinheiro recebido será destinado principalmente a "ações civis, pequenas ações para melhorar [...] a qualidade dos serviços" da cidade.

"Nápoles será a primeira cidade a ter um estatuto autônomo do terceiro milênio na Itália. O nosso é um projeto verdadeiro que não é contra ninguém, mas é para a cidade", concluiu De Magistris.