Temer 'incentivou' pagamentos de Joesley a Cunha, diz PF
SÃO PAULO, 26 JUN (ANSA) - Em relatório enviado ao ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), a Polícia Federal concluiu que há indícios de que o presidente Michel Temer cometeu obstrução de Justiça e prevaricação (deixar de praticar ato de ofício) em sua conversa com Joesley Batista, dono do frigorífico JBS, no Palácio do Jaburu, em 7 de março.
O documento é um complemento ao relatório mandado ao STF na semana passada, no qual a PF citava evidências de corrupção passiva por parte do peemedebista, e foi entregue após a perícia ter confirmado que não houve edição no áudio do encontro com Joesley.
Segundo a Polícia Federal, Temer "incentivou a manutenção de pagamentos ilegítimos" por parte do empresário ao deputado cassado Eduardo Cunha, que está preso em Curitiba. Na conversa, Joesley diz que está "de bem" com o ex-parlamentar, e o presidente responde: "Tem que manter isso, viu?". Em seguida, Joesley reforça: "Todo mês. Eu tô segurando as pontas, tô indo".
Outro trecho citado pela PF mostra Temer perguntando "O Eduardo também, né?", uma frase interpretada pelos investigadores como possível ciência dos supostos pagamentos mensais feitos pela JBS para comprar o silêncio de Cunha e do doleiro Lúcio Funaro, também preso em Curitiba.
"Os termos do diálogo, conquanto não sejam explícitos - como costumam não ser em conversas desse jaez -, têm como única interpretação possível, a seguinte: o Exmo. Sr. Presidente da República entendeu que o bom relacionamento aludido por Joesley encerrava a ideia de apoio financeiro prestado a Eduardo Cunha e, assim, inequivocamente, incentivou sua manutenção", diz o relatório.
Além disso, a PF alega que o peemedebista deixou de "comunicar as autoridades competentes" sobre a "suposta corrupção de membros da Magistratura Federal e do Ministério Público Federal que lhe fora narrada pelo empresário". Durante o diálogo, Joesley afirma que "deu conta" de um juiz e relata o pagamento de R$ 50 mil por mês a um procurador para conseguir informações privilegiadas.
"Sua Excelência, apesar de não ter estimulado a prática que lhe foi confessada, tendo apenas tomado ciência e concordado - sem ênfase -, tinha, como qualquer agente do Estado tem, por força legal, a obrigação de levar às autoridades competentes as revelações de Joesley", afirma o documento da PF.
O relatório deve oferecer novos elementos ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que tem até esta terça-feira (27) para decidir se denuncia o presidente por corrupção passiva. Ainda não se sabe se ele incluirá o crime de obstrução de Justiça ou se fará denúncias separadas, caso elas se confirmem. Temer também é investigado por suspeita de organização criminosa.
No caso de corrupção, ele é acusado pela PF de ter recebido R$ 500 mil da JBS para favorecer a empresa junto ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). A quantia em questão seria aquela entregue por Ricardo Saud, diretor da companhia, a Rodrigo Rocha Loures, o ex-deputado federal e ex-assessor especial do presidente.
Temer ainda não se pronunciou sobre o relatório da Polícia Federal, mas sua defesa vinha apostando na tese de que a gravação foi editada e nos ataques diretos a Joesley Batista.
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O documento é um complemento ao relatório mandado ao STF na semana passada, no qual a PF citava evidências de corrupção passiva por parte do peemedebista, e foi entregue após a perícia ter confirmado que não houve edição no áudio do encontro com Joesley.
Segundo a Polícia Federal, Temer "incentivou a manutenção de pagamentos ilegítimos" por parte do empresário ao deputado cassado Eduardo Cunha, que está preso em Curitiba. Na conversa, Joesley diz que está "de bem" com o ex-parlamentar, e o presidente responde: "Tem que manter isso, viu?". Em seguida, Joesley reforça: "Todo mês. Eu tô segurando as pontas, tô indo".
Outro trecho citado pela PF mostra Temer perguntando "O Eduardo também, né?", uma frase interpretada pelos investigadores como possível ciência dos supostos pagamentos mensais feitos pela JBS para comprar o silêncio de Cunha e do doleiro Lúcio Funaro, também preso em Curitiba.
"Os termos do diálogo, conquanto não sejam explícitos - como costumam não ser em conversas desse jaez -, têm como única interpretação possível, a seguinte: o Exmo. Sr. Presidente da República entendeu que o bom relacionamento aludido por Joesley encerrava a ideia de apoio financeiro prestado a Eduardo Cunha e, assim, inequivocamente, incentivou sua manutenção", diz o relatório.
Além disso, a PF alega que o peemedebista deixou de "comunicar as autoridades competentes" sobre a "suposta corrupção de membros da Magistratura Federal e do Ministério Público Federal que lhe fora narrada pelo empresário". Durante o diálogo, Joesley afirma que "deu conta" de um juiz e relata o pagamento de R$ 50 mil por mês a um procurador para conseguir informações privilegiadas.
"Sua Excelência, apesar de não ter estimulado a prática que lhe foi confessada, tendo apenas tomado ciência e concordado - sem ênfase -, tinha, como qualquer agente do Estado tem, por força legal, a obrigação de levar às autoridades competentes as revelações de Joesley", afirma o documento da PF.
O relatório deve oferecer novos elementos ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que tem até esta terça-feira (27) para decidir se denuncia o presidente por corrupção passiva. Ainda não se sabe se ele incluirá o crime de obstrução de Justiça ou se fará denúncias separadas, caso elas se confirmem. Temer também é investigado por suspeita de organização criminosa.
No caso de corrupção, ele é acusado pela PF de ter recebido R$ 500 mil da JBS para favorecer a empresa junto ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). A quantia em questão seria aquela entregue por Ricardo Saud, diretor da companhia, a Rodrigo Rocha Loures, o ex-deputado federal e ex-assessor especial do presidente.
Temer ainda não se pronunciou sobre o relatório da Polícia Federal, mas sua defesa vinha apostando na tese de que a gravação foi editada e nos ataques diretos a Joesley Batista.
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