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ONGs se organizam para acolher 100 mil órfãos ucranianos

07/03/2022 14h10

STALOWA WOLA, 7 MAR (ANSA) - Um grupo de associações polonesas está abrindo uma espécie de "ponte segura" para a evacuação de cerca de 100 mil crianças órfãos que vivem na Ucrânia.   

As crianças perderam os pais ou foram entregues para cerca de 600 instituições ucranianas porque os genitores não tinham condições financeiras de mantê-las. Entre as ONGs que estão organizando o resgate com trens e ônibus e fazendo o acolhimento está a católica Cáritas.   

Em parceria com o governo de Varsóvia, os grupos montaram uma central de acolhimento para fazer o cadastro e depois enviar as crianças e os adolescentes para diversas cidades.   

"Eles estão cansados, com medo, viveram um trauma duplo: o do abandono e depois da guerra", disseram alguns voluntários para o correspondente da ANSA no país. Ainda conforme os poloneses, os adolescentes protegem os mais pequenos mesmo dentro dos abrigos, em uma ligação quase familiar.   

O centro gerido pela Cáritas fica em Stalowa Wola, uma cidade a cerca de uma hora e meia de Lublin. "Já foram feitas diversas evacuações de Kiev, de onde partiu um trem com cerca de 200 crianças com deficiência e seus acompanhantes, sendo um adulto para cada seis crianças. É uma viagem dura e difícil", disse a representante da ONG católica, Monika Figiel, à ANSA.   

Um outro centro é gerido pela Fundacja Happy Kids, que se responsabilizou pela evacuação de cerca de mil crianças das cidades de Odessa, Kharkiv e Kherson.   

Nas últimas horas, mais 70 crianças chegaram em um trem vindo de Przemysl.   

"Eles chegam cansadíssimos. Os primeiros grupos que chegaram estavam em condições melhores porque vinham de cidades onde o conflito ainda não tinha sido iniciado. Aqueles que chegam agora, porém, têm nos olhos os horrores que viveram", disse a voluntária Ewa Twtianiec.   

"A coisa mais bonita é que eles realmente aguentam a situação.   

Os maiores abraçam os menores, mas na realidade, esses últimos estão melhores porque não entendem o que acontece. Os maiores estão muito nervosos porque essa é uma situação dura, difícil", acrescenta Twtianiec.   

Também chegaram ao hub cerca de 100 crianças vindas de Lugansk, uma das áreas separatistas que está em constante tensão desde 2014. Nesse caso, a chegada deles foi gerida pela SOS Wioski Dzieciece.   

A porta-voz da organização, Anna Choszcz-Sendrowska, contou à ANSA como era a situação das crianças desde o início dos ataques russos, em 24 de fevereiro.   

"Eles saíam para tomar um pouco de ar, mas passaram cinco dias fechados em um bunker. Quando chegou o momento de partir, escaparam correndo das bombas. Além do temor de todos, as acompanhantes tinham outro medo: temiam perder as crianças, rezavam para que isso não acontecesse. Para chegar a Varsóvia, demoraram 30 horas. Foi o caos", relatou.   

A representante também falou que os mais velhos, que já entendem a situação "têm os olhos tristes". "É possível ver quando eles jogam, um para e começa a chorar. E depois volta rapidamente. O trauma é como uma ferida que você pode cuidar de todas as maneiras, com amor e com o bem. Mas, tem dias que a ferida reabre", pontuou. (ANSA).   

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