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Candidato argentino pede desculpas por ataques contra Papa

02/10/2023 09h42

BUENOS AIRES, 2 OUT (ANSA) - O candidato ultraliberal e vencedor das primárias na Argentina, Javier Milei, pediu desculpas ao papa Francisco por seus ataques e disse que irá respeitá-lo como chefe de Estado e líder da Igreja Católica.   

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A declaração foi dada após seu rival nas eleições presidenciais Sergio Massa exigir um pedido de desculpas durante debate realizado na noite do último domingo (1°), em Santiago del Estero.   

Na ocasião, Massa e Milei protagonizaram uma discussão tensa no quadro "perguntas cruzadas", no qual os candidatos se questionavam.   

O atual ministro da Economia da Argentina criticou o ultraliberal por seus ataques contra o líder da Igreja Católica durante uma entrevista que concedeu ao jornalista norte-americano Tucker Carlson, publicada no X (antigo Twitter).   

Na conversa, ele chegou a enfatizar que o religioso tem "forte interferência na política" e uma "afinidade com comunistas assassinos", citando Fidel Castro e Nicolàs Maduro.   

"Javier, mais do que uma pergunta quero fazer um pedido a você.   

A Argentina tem milhões de fiéis católicos e você ofendeu o chefe da Igreja. Quero que você aproveite estes 45 segundos para pedir perdão ao Papa, que é o argentino mais importante da história", declarou Massa.   

Por sua vez, Milei evitou fazer referência à entrevista com Carlson e falou sobre as críticas que fez a Francisco anos atrás, quando "ele ainda não estava na política".   

"Parece que você está mal informado, porque eu já tinha pedido desculpas por isso, e faria de novo, porque não tenho problema com isso, porque se eu estiver errado, não tenho problema em repetir que sinto muito por isso", respondeu ele ao candidato rival.   

"Além disso, uma das coisas que eu disse é que se o Papa quisesse vir para a Argentina, ele seria respeitado não apenas como chefe de Estado, mas como líder da Igreja Católica, portanto, vá em frente, pare de trapacear e dedique-se a reduzir a inflação e acabar com o governo de maneira decente, vá em frente", acrescentou Milei.   

O favorito na corrida presidencial segundo as pesquisas já criticou Jorge Bergoglio diversas vezes. Ele, inclusive, chegou a definir o religioso, entre outras coisas, como o "representante do Maligno na terra" e como "comunista". No entanto, após sua vitória nas primárias, Milei havia moderado seu discurso, dizendo que respeita o Santo Padre e que ele "é o líder espiritual da grande maioria dos argentinos".   

Milei também confirmou que o receberia como um chefe de Estado caso fosse à Argentina, durante seu possível mandato. No mês passado, o movimento de padres das villas argentinas (espécie de favela) organizou uma missa pública "para reparar os ultrajes" cometidos por Milei contra o Papa. Na ocasião, foi lido um documento no qual se rejeita os ataques do candidato à Presidência e reitera a "necessidade de uma política a favor do bem comum" na Argentina.   

Debate - Durante o debate, Milei minimizou os crimes da ditadura militar ao afirmar que eram "excessos" e que "os desaparecidos não eram 30 mil, mas 8.753".   

"Durante a década de 1970 houve uma guerra e as forças do Estado cometeram excessos, mas os terroristas também mataram, cometeram ataques e cometeram crimes contra a humanidade", afirmou ele.   

O candidato ultraliberal, que surpreendentemente obteve o maior número de votos nas primárias de agosto, rejeitou, portanto, o debate sobre a memória e a procura de justiça para os crimes da ditadura como algo do passado. "Continuem discutindo a história, viemos para governar", acrescentou.   

Durante o debate, as receitas para sair da grave situação que assola a economia argentina, com inflação de 124% e pobreza acima de 40%, também estiveram no centro do embate.   

Milei afirmou ser "o único capaz de exterminar a inflação" e propôs "uma reforma profunda do Estado, um corte drástico nas despesas, a redução do nível de impostos, as privatizações e o encerramento do Banco Central".   

Por sua vez, Massa defendeu "um programa de desenvolvimento" que aproveite ativos de rápido crescimento, como energia e lítio, mantendo o equilíbrio fiscal e reduzindo progressivamente os principais fatores inflacionários.   

O combate à inflação também é uma prioridade para a conservadora Patricia Bullrich, que ressaltou ter um corpo econômico adequado para o efeito e uma estrutura política forte para executar seu programa. Já a candidata de esquerda Miriam Bregman atribuiu a culpa pela crise atual aos governos sujeitos ao Fundo Monetário Internacional, enquanto Juan Schiarett expressou principalmente a necessidade de regressar a políticas de equilíbrio fiscal.   

(ANSA).   

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