Lula propõe missão para limitar aquecimento a 1,5ºC
01/12/2023 11h10
SÃO PAULO, 1 DEZ (ANSA) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva propôs nesta sexta-feira (1º) uma missão coletiva para limitar o aumento da temperatura a 1,5ºC, em novo discurso na 28ª edição da Conferência da ONU sobre as mudanças climáticas, a COP28, que acontece em Dubai.
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A iniciativa "Missão 1.5" é um programa que prevê que países ricos concedam incentivos para que as nações pobres ou em desenvolvimento zerem as emissões de CO² na atmosfera, de forma a impedir um desastre climático.
Em seu pronunciamento, Lula lembrou que o último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) é categórico sobre o perigo do aumento na temperatura global superar 1,5°C e destacou que a meta fixada pelo Acordo de Paris é manter esse aumento entre 1,5°C e 2 °C.
"Já é insuficiente para conter o aquecimento global em nível seguro", afirmou ele, acrescentando que existe um "problema coletivo de inação, outro de falta de ambição".
Lula incentivou os líderes a anunciarem metas mais ousadas em Belém e garantir os meios de implementação necessários para concretizá-las.
Além disso, apontou que as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs, em inglês), compromissos que os países assumiram em relação às mudanças climáticas, não estão sendo implementadas em um ritmo adequado, lembrando que o Brasil ajustou a sua meta.
"O Brasil ajustou sua NDC e se comprometeu a reduzir 48% das emissões até 2025 e 53% até 2030, além de atingir neutralidade climática até 2050. Nossa NDC é mais ambiciosa do que a de vários países que poluem a atmosfera desde a revolução industrial no século 19", afirmou.
O petista também destacou seu firme compromisso de zerar o desmatamento na Amazônia até 2030 e confirmou que o governo brasileiro já conseguiu reduzi-lo em quase 50% nos 10 primeiros meses deste ano, o que evitou a emissão de 250 milhões de tonelada de carbono na atmosfera.
No entanto, muitos países do Sul Global não terão condições de implementar suas NDCs, nem de assumir metas mais ambiciosas.
"Os mais vulneráveis não podem ter que escolher entre combater a mudança do clima e combater a pobreza. Terão que fazer ambos. O princípio das responsabilidades comuns, porém diferenciadas, é inegociável. Ameaçá-lo vai na contramão de qualquer noção básica de justiça climática", disse.
O presidente ainda classificou como inaceitável que a promessa de US$ 100 bilhões ao ano para conter os efeitos das mudanças climáticas, assumida por países desenvolvidos, não tenha saído do papel, enquanto, apenas em 2021, os gastos militares chegaram a US$ 2,2 trilhões.
Lula destacou que, no Brasil, a emergência climática já é uma realidade, citando a seca inédita registrada na Amazônia. Por fim, o presidente brasileiro ressaltou que, nos dois anos até a COP30, será necessário redobrar os esforços para implementar as NDCs que assumimos.
"Se não deixarmos nossas diferenças de lado em nome de um bem maior, a vida no planeta estará em perigo. E será tarde demais para chorar", concluiu. (ANSA).