Disputa entre facções deixa ao menos 118 mortos em prisão do Equador
Conflitos em penitenciária na cidade de Guayaquil começaram na noite de terça-feira (28/9). Presidente declarou 'estado de exceção nacional em todo o sistema prisional'.
Um confronto entre facções rivais em uma prisão na cidade de Guayaquil, no Equador, deixou pelo menos 118 mortos e 80 feridos. Todos eram detentos.
Os conflitos e óbitos ocorreram a partir da noite de terça-feira (28/9), mas só nesta quarta o presidente equatoriano Guillermo Lasso confirmou o número de mortos.
Lasso declarou "estado de exceção nacional em todo o sistema prisional" após uma reunião com o comitê de segurança de Guayaquil.
"É lamentável que as prisões estejam se tornando território de disputas de poder por facções criminosas. O Estado equatoriano vai agir, devemos agir, e a primeira decisão que tomamos é declarar o estado de exceção do sistema penitenciário em todo o território equatoriano ", disse o presidente em entrevista coletiva.
O número de mortos no Equador é superior ao do maior massacre já registrado em uma prisão no Brasil ? no Carandiru, em São Paulo (SP), quando 111 pessoas morreram em 1992.
Desesperados, familiares de detentos foram para o entorno da prisão exigir informações oficiais sobre vítimas e pedir proteção para prevenir novas mortes. Alguns também se dirigiram a um necrotério ao sul de Guayaquil em busca de informações sobre parentes.
Granadas e decapitações
Fausto Buenaño, comandante da polícia local, afirmou na terça-feira que as gangues que entraram em confronto estavam tentando tomar o controle de um pavilhão da prisão.
Tiros e explosões em vários pavilhões acionaram as autoridades, que encontraram corpos feridos por balas e granadas.
O jornal El Comercio noticiou que várias vítimas foram mutiladas. Em cinco casos houve decapitações. Em outros, cortes de membros.
Na terça, o Serviço Nacional de Atenção Integral a Adultos Privados de Liberdade e Adolescentes Infratores (SNAI) afirmou que o "incidente teria começado devido a conflitos entre gangues de criminosos em um pavilhão do centro penitenciário".
Em entrevista à rádio FM Mundo, Bolívar Garzón, diretor do SNAI, declarou: "Não tem sido fácil. Ontem (terça-feira) a polícia assumiu o controle às 14h, mas ontem à noite houve outros tiroteios, explosões. Hoje de manhã já tomamos o controle total e estamos entrando nos pavilhões envolvidos no conflito e descobrindo mais corpos."
"É realmente uma tragédia, é algo tremendo o que está acontecendo ? essa luta entre grupos criminosos organizados que, buscando poder interno, chegam a estes níveis (de violência). A situação é realmente terrível", afirmou Garzón.
Este é o terceiro grande conflito registrado em uma prisão equatoriana em 2021.
Os dois anteriores ocorreram em fevereiro e julho e deixaram 79 e 22 mortos, respectivamente.
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