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1995: Acordo de Dayton encerra Guerra da Bósnia

Doris Bulau

21/11/2017 07h15

1995: Acordo de Dayton encerra Guerra da Bósnia - O conflito armado teve seu fim acertado em 21 de novembro de 1995, após três semanas de duras negociações em Dayton, nos Estados Unidos, mas foi assinado em Paris, em 14 de dezembro de 1995."O povo da Bósnia tem a chance de agora deixar o horror da guerra para trás e alimentar a esperança de paz." Assim avaliou o então presidente americano Bill Clinton o resultado da conferência de paz na base aérea de Dayton, no estado de Ohio (EUA). Nela, os presidentes da Sérvia, da Bósnia-Herzegovina e da Croácia acertaram a continuidade da existência da Bósnia, com uma parte croata-muçulmana e outra sérvia.

A capital, Sarajevo, permaneceu uma só e sob controle bósnio. Por sua vez, os sérvios mantiveram seu reduto Pale, assim como Srebrenica e Zepa, ex-zonas sob proteção da ONU. Uma tropa internacional de paz, comandada pelos Estados Unidos e sob responsabilidade da Otan, foi estacionada na Bósnia e na Croácia para fiscalizar o cumprimento do acordo.

O papel dominante coube aos Estados Unidos. Foi seu mérito a reunião dos presidentes bósnio, Alia Izetbegovic, sérvio, Slobodan Milosevic, e croata, Franjo Tudjman, para pôr fim à guerra de três anos na Bósnia-Herzegovina.

Entre Dayton e Champs Elysées

Na fase preparatória para o encontro em Dayton, dois acordos importantes já haviam sido firmados. Em 10 de novembro de 1995, a República Bósnia-Herzegovina e a Federação Bósnio-Croata acertaram a instituição da Federação Bósnia-Herzegovina e a definição de um governo de transição para a cidade de Mostar. Dois dias depois, em 12 de novembro, sérvio-bósnios e croatas firmaram um acordo-base sobre a Eslovênia Oriental, Barânia e Sírmio Ocidental, como pré-requisito para o tratado de paz de Dayton.

O Acordo de Dayton foi assinado oficialmente em Paris em 14 de dezembro de 1995. Dez chefes de Estado e de governo compareceram à cerimônia no Palácio Champs Elysées, além de representantes de cerca de 50 países e organizações participantes do processo de paz. Em seu discurso de abertura, o então presidente francês Jacques Chirac lembrou as vítimas da guerra:

"A esperança – que surge agora para todos os povos da ex-Iugoslávia – não nos deixa esquecer os 200 mil mortos da guerra. O conflito sangrento tem de ser deixado para trás, mas certamente deixará feridas no coração da Europa. O restabelecimento duradouro da paz será sobretudo tarefa dos países da região. Agora, todos os responsáveis devem partir para o capítulo da reconciliação. E, neste ponto, o exemplo de Adenauer e De Gaulle podem ser um grande modelo."

Motivo de ressentimento para o anfitrião francês foi o Acordo de Paz da Bósnia não ter entrado para a história como "Tratado do Champs Elysées", como ele gostaria. Em vez disso, continuou sendo chamado Acordo de Dayton, em referência ao local do centro-oeste americano onde os termos da paz foram negociados numa batalha de nervos, durante três semanas.
Autor: Doris Bulau