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Mais de 30 mil morreram em travessia à Europa no Mediterrâneo, diz organização

Alessio Paduano/AFP
Imagem: Alessio Paduano/AFP

25/11/2017 10h30

Mais de 30 mil pessoas morreram afogadas no Mediterrâneo entre 2000 e 2017 numa tentativa desesperada de chegar à Europa, segundo a OIM (Organização Internacional para Migrações). Um estudo divulgado pela organização nesta sexta-feira (24) mostra que o mar Mediterrâneo é "a fronteira mais mortal do mundo".

A pesquisa analisou estatísticas desde a década 1970 e concluiu que o aumento da chegada de imigrantes irregulares à Europa está diretamente relacionado com as políticas migratórias cada vez mais restritivas aplicadas por alguns países europeus.

Apesar de ser um número enorme, "é provável que não reflita o alcance real da tragédia humana", explica Philippe Fargues, coordenador do estudo.

"Conter a migração e erradicar as mortes no mar são, talvez, objetivos contraditórios. Fechar as rotas mais curtas e menos perigosas leva à abertura de rotas mais longas e perigosas, aumentando assim as possibilidades de morrer no mar", acrescentou Fargues, que é membro do Instituto Universitário Europeu.

O primeiro exemplo disso, segundo o estudo, foi a imposição de visto para cidadãos turcos e norte-africanos na década de 1970, o que fez com que os que já estavam na Europa decidissem ficar.

"Isso levou a um aumento do número de parentes que viajavam para se reunir com suas famílias e ao crescimento do contrabando. Isso também levou à ausência de meios legais para aqueles que solicitam asilo e refúgio na Europa a partir de 2009", disse Fargues.

Rotas de migração
O estudo identificou duas rotas de migração. O trajeto entre a Líbia e a Itália é causada pelas pressões migratórias devido à pobreza, ao desemprego, à falta de oportunidades e à instabilidade econômica e política. A rota do Oriente Médio para a Grécia é utilizada pelo os que buscam asilo político e refúgio para escapar de ditaduras e guerras em seus países de origem.

"Esses solicitantes de asilo não têm a opção de solicitar vistos humanitários ou recorrer à migração regular em seus lugares de origem", diz o estudo.

Segundo a OIM, 161.010 pessoas chegaram pelo mar à Europa de forma irregular em 2017, enquanto 2.991 morreram no Mediterrâneo. A maioria dos migrantes – 75% – entrou no continente pela Itália.

O estudo mostra que a cooperação entre a União Europeia e a Turquia e o impedimento imposto a migrantes para deixarem a Líbia têm reduzido significativamente as entradas na Europa. No entanto, no caso da Líbia, as proibições "são não apenas moralmente repreensíveis, como também não terão sucesso, devido ao contexto de extrema falta de governança, instabilidade e fragmentação política".

Nesta semana, imagens divulgadas pela emissora americana CNN mostram que migrantes da África Subsaariana estão sendo escravizados em território líbio.