Países africanos aprovam criação de zona de livre comércio
Acordo para estabelecimento de uma área de livre comércio no continente tem aval de 44 dos 55 países africanos. Mas documento ainda precisa ser ratificado por todos, e Nigéria e África do Sul estão fora.Com o aval de 44 dos 55 países africanos foi aprovado o acordo para criação da Zona de Livre Comércio Continental na África, que tem potencial para se tornar o maior mercado comum do mundo. O acordo foi assinado esta quarta-feira (21/03), em cúpula extraordinária da União Africana (UA), em Kigali, capital ruandesa.
Para a União Africana, o comércio entre países africanos poderá aumentar em 60% com a zona de livre comércio. "Esse acordo não é apenas um documento: tem importantes implicações econômicas para a população africana", salientou a ministra do Exterior do Ruanda, Louise Mushikiwabo.
Apenas 16% do comércio africano é realizado entre países do próprio continente. De acordo com a UA, é frequente que países africanos enfrentem taxas de exportação maiores para seus vizinhos do que para países fora da África.
Segundo Mushikiwabo, a zona de comércio abriria o mercado africano a 1,2 bilhão de pessoas, com a possibilidade de gerar mais riqueza para o continente, acelerando o investimento, diversificando a economia e aumentando o comércio.
Mesmo com a assinatura, a concretização do acordo é incerta. O próximo passo é a ratificação interna pelos países signatários. "A assinatura do acordo fará bem à África, mas apenas no papel, pois ainda levará muito tempo até entrar em vigor e encontrará muitos contratempos", afirmou o consultor nigeriano Sola Afolabi.
Acordo não é unânime
O emblemático projeto da UA, que está em negociação desde 2015, não conta com o apoio de todos os países: 11 dos 55 membros da UA mostraram-se céticos em relação às vantagens do livre comércio no continente e não assinaram o acordo. Entre eles estão a Nigéria e a África do Sul, as duas maiores economias do continente. Já dos países de língua portuguesa, apenas a Guiné-Bissau não assinou.
O presidente nigeriano, Muhammadu Buhari, sequer compareceu à cúpula. Após receber críticas de líderes empresariais e sindicatos do seu país quanto a um possível acordo, o governante disse que precisa de mais tempo para analisar o documento.
Segundo Sani Yan Daki, da Associação Nigeriana de Câmaras de Comércio, Indústria, Minas e Agricultura, uma zona de livre comércio não seria benéfica para o país. "A Nigéria ainda é uma economia em desenvolvimento. Os países que estão fazendo pressão para a criação da zona de livre comércio, como Marrocos, Egito e Tunísia, são menores em termos de recursos nacionais, mas em desenvolvimento estão muito mais à frente."
Já o economista Tope Fasua discorda. "A Alemanha é a maior economia da União Europeia e defende o mercado comum em seu continente. Considerada a maior economia da África, a Nigéria deveria fazer o mesmo na África", afirmou.
Também o ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Moçambique, José Pacheco, considera o acordo vantajoso. Em declarações à Rádio Moçambique, ele destacou a possibilidade de, com a zona de comércio, a África ter mais força nas negociações com outros blocos comerciais.
RG/afp/rtr/lusa/afp
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A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos no Facebook | Twitter | YouTube | WhatsApp | App
Para a União Africana, o comércio entre países africanos poderá aumentar em 60% com a zona de livre comércio. "Esse acordo não é apenas um documento: tem importantes implicações econômicas para a população africana", salientou a ministra do Exterior do Ruanda, Louise Mushikiwabo.
Apenas 16% do comércio africano é realizado entre países do próprio continente. De acordo com a UA, é frequente que países africanos enfrentem taxas de exportação maiores para seus vizinhos do que para países fora da África.
Segundo Mushikiwabo, a zona de comércio abriria o mercado africano a 1,2 bilhão de pessoas, com a possibilidade de gerar mais riqueza para o continente, acelerando o investimento, diversificando a economia e aumentando o comércio.
Mesmo com a assinatura, a concretização do acordo é incerta. O próximo passo é a ratificação interna pelos países signatários. "A assinatura do acordo fará bem à África, mas apenas no papel, pois ainda levará muito tempo até entrar em vigor e encontrará muitos contratempos", afirmou o consultor nigeriano Sola Afolabi.
Acordo não é unânime
O emblemático projeto da UA, que está em negociação desde 2015, não conta com o apoio de todos os países: 11 dos 55 membros da UA mostraram-se céticos em relação às vantagens do livre comércio no continente e não assinaram o acordo. Entre eles estão a Nigéria e a África do Sul, as duas maiores economias do continente. Já dos países de língua portuguesa, apenas a Guiné-Bissau não assinou.
O presidente nigeriano, Muhammadu Buhari, sequer compareceu à cúpula. Após receber críticas de líderes empresariais e sindicatos do seu país quanto a um possível acordo, o governante disse que precisa de mais tempo para analisar o documento.
Segundo Sani Yan Daki, da Associação Nigeriana de Câmaras de Comércio, Indústria, Minas e Agricultura, uma zona de livre comércio não seria benéfica para o país. "A Nigéria ainda é uma economia em desenvolvimento. Os países que estão fazendo pressão para a criação da zona de livre comércio, como Marrocos, Egito e Tunísia, são menores em termos de recursos nacionais, mas em desenvolvimento estão muito mais à frente."
Já o economista Tope Fasua discorda. "A Alemanha é a maior economia da União Europeia e defende o mercado comum em seu continente. Considerada a maior economia da África, a Nigéria deveria fazer o mesmo na África", afirmou.
Também o ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Moçambique, José Pacheco, considera o acordo vantajoso. Em declarações à Rádio Moçambique, ele destacou a possibilidade de, com a zona de comércio, a África ter mais força nas negociações com outros blocos comerciais.
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