Trump propôs a assessores invadir a Venezuela, diz imprensa
Presidente dos EUA sugeriu ação militar contra o país de Maduro em reunião com seu gabinete em 2017, revela fonte do governo. Trump teria ainda insistido no assunto com líderes latino-americanos, que rechaçaram invasão.Em reunião com membros de seu gabinete no ano passado, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sugeriu a possibilidade de o país invadir a Venezuela, alegando questões de segurança nacional, revelou a imprensa americana nesta quarta-feira (04/07).
Segundo uma fonte ouvida pela agência de notícias Associated Press (AP), a proposta de Trump surpreendeu seus principais assessores. A reunião teria ocorrido em agosto de 2017 no Salão Oval da Casa Branca, onde foram discutidas novas sanções ao país latino-americano.
Entre os presentes estavam o então secretário de Estado, Rex Tillerson, e o assessor de Segurança Nacional, H. R. McMaster – ambos já não fazem mais parte do Executivo.
Em conversa que durou cerca de cinco minutos, McMaster e outros assessores tentaram convencer o presidente de que uma ação militar poderia ser um tiro pela culatra e, com ela, os Estados Unidos correriam o risco de perder o apoio duramente conquistado de líderes latino-americanos contra o governo de Nicolás Maduro, afirmou a fonte.
O funcionário da administração de Trump, familiarizado com o que foi dito na reunião, falou à AP sob condição de anonimato, dado o conteúdo sensível das discussões no Salão Oval.
Segundo ele, para reforçar a sugestão, o líder americano lembrou seus assessores de casos passados em que ações militares foram implementadas "com sucesso" pelos Estados Unidos em países da região, como as invasões do Panamá e de Granada, ambas nos anos 1980.
O funcionário observou, porém, que não houve "qualquer plano iminente de um ataque militar" e descreveu os comentários de Trump como apenas "pensamentos". "O presidente diz e pensa muitas coisas diferentes. Ele estava apenas pensando em voz alta", afirmou, segundo a CNN.
No dia seguinte, 11 de agosto, o republicano foi a público – ao lado de Tillerson, McMaster e a embaixadora americana na ONU, Nikki Haley – dizer que seu governo não descartava "uma opção militar" contra a Venezuela.
Segundo a fonte, Trump seguiu insistindo no assunto com governos latino-americanos no mês seguinte, inclusive à margem da Assembleia Geral da ONU. Na ocasião, ele jantou com quatro desses líderes, que teriam enfatizado sua rejeição a uma invasão americana na Venezuela.
O funcionário relatou que o presidente havia sido instruído por assessores a não tocar no assunto durante o jantar, porque não cairia bem, mas ignorou o alerta. O primeiro comentário de Trump ao sentar-se à mesa teria sido: "Minha equipe me disse para não dizer isso".
Ele teria então questionado separadamente cada um dos líderes se eles tinham certeza de que uma solução militar não seria a melhor saída, e todos foram enfaticamente contrários, afirmou a fonte.
Um deles foi o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos. Em conversas com o líder, Trump já teria abordado o assunto antes mesmo da Assembleia Geral da ONU, em setembro. Duas autoridades colombianas, também anônimas, confirmaram a informação à AP.
Alguns dos mais fiéis aliados de Washington foram forçados a tomar o lado da Venezuela ao condenar as sugestões de Trump. Santos, um grande apoiador da tentativa americana de isolar Maduro, chegou a declarar que uma invasão não teria qualquer apoio da região.
Em nota, o Mercosul, que inclui Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai e que suspendeu a Venezuela, afirmou que "os únicos meios aceitáveis de promover a democracia são o diálogo e a diplomacia". O bloco ainda disse rechaçar "qualquer opção que implique o uso da força".
A Casa Branca se recusou a comentar sobre as conversas privadas de Trump reveladas pela imprensa americana. Um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, no entanto, reiterou que os Estados Unidos vão considerar todas as opções à sua disposição para ajudar a restaurar a democracia e trazer estabilidade à Venezuela.
Trump e líderes do Canadá e da União Europeia já impuseram uma série de sanções contra autoridades venezuelanas, incluindo o próprio Maduro, por alegações de corrupção, tráfico de drogas e abusos dos direitos humanos.
Além disso, Washington ofereceu mais de 30 milhões de dólares para ajudar nações vizinhas da Venezuela a lidarem com a chegada de mais de um milhão de venezuelanos que fugiram de seu país, em meio a uma forte crise política, econômica e social.
EK/ap/efe/lusa/ots
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Segundo uma fonte ouvida pela agência de notícias Associated Press (AP), a proposta de Trump surpreendeu seus principais assessores. A reunião teria ocorrido em agosto de 2017 no Salão Oval da Casa Branca, onde foram discutidas novas sanções ao país latino-americano.
Entre os presentes estavam o então secretário de Estado, Rex Tillerson, e o assessor de Segurança Nacional, H. R. McMaster – ambos já não fazem mais parte do Executivo.
Em conversa que durou cerca de cinco minutos, McMaster e outros assessores tentaram convencer o presidente de que uma ação militar poderia ser um tiro pela culatra e, com ela, os Estados Unidos correriam o risco de perder o apoio duramente conquistado de líderes latino-americanos contra o governo de Nicolás Maduro, afirmou a fonte.
O funcionário da administração de Trump, familiarizado com o que foi dito na reunião, falou à AP sob condição de anonimato, dado o conteúdo sensível das discussões no Salão Oval.
Segundo ele, para reforçar a sugestão, o líder americano lembrou seus assessores de casos passados em que ações militares foram implementadas "com sucesso" pelos Estados Unidos em países da região, como as invasões do Panamá e de Granada, ambas nos anos 1980.
O funcionário observou, porém, que não houve "qualquer plano iminente de um ataque militar" e descreveu os comentários de Trump como apenas "pensamentos". "O presidente diz e pensa muitas coisas diferentes. Ele estava apenas pensando em voz alta", afirmou, segundo a CNN.
No dia seguinte, 11 de agosto, o republicano foi a público – ao lado de Tillerson, McMaster e a embaixadora americana na ONU, Nikki Haley – dizer que seu governo não descartava "uma opção militar" contra a Venezuela.
Segundo a fonte, Trump seguiu insistindo no assunto com governos latino-americanos no mês seguinte, inclusive à margem da Assembleia Geral da ONU. Na ocasião, ele jantou com quatro desses líderes, que teriam enfatizado sua rejeição a uma invasão americana na Venezuela.
O funcionário relatou que o presidente havia sido instruído por assessores a não tocar no assunto durante o jantar, porque não cairia bem, mas ignorou o alerta. O primeiro comentário de Trump ao sentar-se à mesa teria sido: "Minha equipe me disse para não dizer isso".
Ele teria então questionado separadamente cada um dos líderes se eles tinham certeza de que uma solução militar não seria a melhor saída, e todos foram enfaticamente contrários, afirmou a fonte.
Um deles foi o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos. Em conversas com o líder, Trump já teria abordado o assunto antes mesmo da Assembleia Geral da ONU, em setembro. Duas autoridades colombianas, também anônimas, confirmaram a informação à AP.
Alguns dos mais fiéis aliados de Washington foram forçados a tomar o lado da Venezuela ao condenar as sugestões de Trump. Santos, um grande apoiador da tentativa americana de isolar Maduro, chegou a declarar que uma invasão não teria qualquer apoio da região.
Em nota, o Mercosul, que inclui Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai e que suspendeu a Venezuela, afirmou que "os únicos meios aceitáveis de promover a democracia são o diálogo e a diplomacia". O bloco ainda disse rechaçar "qualquer opção que implique o uso da força".
A Casa Branca se recusou a comentar sobre as conversas privadas de Trump reveladas pela imprensa americana. Um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, no entanto, reiterou que os Estados Unidos vão considerar todas as opções à sua disposição para ajudar a restaurar a democracia e trazer estabilidade à Venezuela.
Trump e líderes do Canadá e da União Europeia já impuseram uma série de sanções contra autoridades venezuelanas, incluindo o próprio Maduro, por alegações de corrupção, tráfico de drogas e abusos dos direitos humanos.
Além disso, Washington ofereceu mais de 30 milhões de dólares para ajudar nações vizinhas da Venezuela a lidarem com a chegada de mais de um milhão de venezuelanos que fugiram de seu país, em meio a uma forte crise política, econômica e social.
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