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Putin suaviza reforma da previdência após protestos

29/08/2018 11h21

Presidente da Rússia recua no aumento da idade de aposentadoria para mulheres e promete benefícios para mães de muitos filhos, mas quer seguir adiante com a impopular reforma.O presidente da Rússia, Vladimir Putin, propôs uma série de medidas para suavizar uma impopular reforma previdenciária, numa aparente tentativa de conter uma queda significativa em seus índices de aprovação. Segundo uma pesquisa, a popularidade do presidente caiu de 80% para 64%.

Em um raro discurso televisionado, Putin sugeriu nesta quarta-feira (29/08) elevar a idade de aposentadoria em cinco anos para mulheres (60 anos), em vez da proposta anterior de oito anos, entre outras medidas. Por outro lado, o presidente russo manteve o aumento proposto na idade de aposentadoria para os homens para 65 anos.

Putin também sugeriu a aposentadoria antecipada para mães de famílias numerosas. "Se a mulher tem três filhos, poderá se aposentar três anos antes do prazo. Se são quatro, serão quatro anos antes. Já para as mulheres que tenham cinco filhos ou mais, tudo deve continuar como até agora, elas poderão se aposentar aos 55 anos", acrescentou o líder russo.

O líder de 65 anos argumentou que empresas que demitirem ou se recusarem a contratá-las por estarem perto da idade de aposentadoria devem sofrer repressões administrativas ou criminais. "O tratamento das mulheres em nosso país é especial, gentil", afirmou Putin.

A proposta de reforma – já aprovada pela Câmara dos Deputados em primeira leitura no mês passado – provocou uma rara explosão de ira pública, com dezenas de milhares de manifestações em toda a Rússia nas últimas semanas.

Entre várias outras medidas voltadas a suavizar o projeto inicial e reduzir o descontentamento popular, o líder russo propôs manter os benefícios tributários e as subvenções que correspondem aos aposentados a partir das idades contempladas na legislação atual.

"São coisas muito importantes para a população. Tais como o transporte público gratuito, subvenções para os serviços comunitários, reformas de imóveis, gaseificação, compra de remédios, entre outras", disse Putin.

Ele também prometeu que várias categorias de funcionários, como mineiros e trabalhadores industriais, conseguiriam manter seus benefícios e propôs dobrar o subsídio de desemprego para pessoas próximas da idade de aposentadoria.

Putin tem procurado se manter distante de medidas impopulares e era esperado que suavizasse as propostas para reforçar seus índices de aprovação. Pesquisas mostram que 90% dos russos são contra as mudanças, e críticos têm afirmado que a reforma basicamente roubaria os ordenados das pessoas com menor poder aquisitivo.

Ao contrário de alguns países ocidentais, as aposentadorias na Rússia são magras e muitas pessoas precisam trabalhar para além da idade de aposentadoria para sobreviver, enquanto outras dependem da ajuda financeira de seus filhos.

Em seu discurso, no entanto, Putin insistiu que medidas duras são necessárias e citou "problemas demográficos sérios" decorrentes das enormes perdas do país durante a Segunda Guerra Mundial e as consequências do colapso da União Soviética em 1991.

"Teremos que tomar uma decisão difícil, mas necessária", disse Putin, que acrescentou que suas propostas serão enviadas em breve para a Duna (câmara baixa do Parlamento).

Putin afirmou que, ao contrário do cenário de uma década atrás, a economia da Rússia está pronta para tais reformas e apontou para a menor taxa de desemprego desde 1991 e o aumento da expectativa de vida.

Porém, a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que a expectativa de vida dos homens russos é de 66 anos, e das mulheres, de 77.

PV/efe/lusa/afp

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