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Governo do Rio intimado a interferir contra repressão de religiões afro-brasilieras

25/05/2019 06h51

MPF pede ao governador do estado que aja contra os ataques a terreiros e mesmo fechamento de casas a mando do narcotráfico, entre outros atos de intolerância. Muitos religiosos atingidos não registram queixa por medo.O Ministério Público Federal (MPF) cobrou do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, atuação das polícias civil e militar contra os ataques a terreiros de religiões de matriz africana, na Baixada Fluminense. Como noticiou a Agência Brasil, em meados de maio o órgão recebeu a denúncia sobre o fechamento de pelo menos 15 casas a mando do narcotráfico, no município de Duque de Caxias.

No ofício enviado nesta sexta-feira (24/05) ao Palácio Guanabara, o MPF também pede reunião com o governador. O órgão recebeu a denúncia de que um grupo de criminosos, chefiados por um pastor, circulou pelos terreiros proibindo as festas e atividades. "Nenhuma casa foi destruída e os criminosos não machucaram ninguém. Porém foram taxativos ao proibir atividades dos barracões", relatou o procurador da República Julio José Araujo, responsável pelo caso e autor do ofício.

O MPF tem um inquérito aberto para investigar a intolerância religiosa na Baixada Fluminense, e desde janeiro vem realizando reuniões com o Poder Público, religiosos e adeptos de religiões de matriz africana. O representante do estado é a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos.



Informando não ter ainda recebido o ofício do MPF, o Palácio Guanabara enfatizou que o governador acompanha o tema por meio da Secretaria de Direitos Humanos. Durante a semana, Witzel chegou a se reunir com o Conselho Estadual de Promoção da Liberdade Religiosa, formado pela sociedade civil, sendo informado sobre o aumento de casos de intolerância religiosa no estado.

Segundo o interlocutor da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR), o babalaô Ivanir dos Santos, os religiosos que tiveram barracões fechados a força, em Caxias não registraram queixas nas delegacias por medo. "Esse tema é emergencial. Os atos têm se repetido na Baixada toda, e estão chegando em Niterói, São Gonçalo, em Campos [dos Goytacazes, no norte fluminense]", alertou.

A repressão às religiões afro-brasileiras não é um problema novo: já em 2013, o jornal O Globo noticiava que mais da metade das casas de umbanda ou candomblé do Rio sofrera algum tipo de discriminação. No entanto registra-se um agravamento recente, também atribuída à ação dos evangélicos.

A intolerância religiosa é considerada crime de ódio, com pena prevista de um a três anos de prisão, mais multa. O governo federal recebe denúncias pelo serviço Disque 100, a ligação é gratuita.

AV/abr,ots

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