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O que é o 'Estado Islâmico K', que reivindica ataque com 133 mortes na Rússia

Em foto de 2017, membros do Isis-K são presos no Afeganistão Imagem: Getty Images

26/03/2024 04h00

A Rússia sofreu o atentado terrorista mais mortal em seu território em 20 anos na sexta-feira (22), quando homens armados invadiram uma sala de concertos nos arredores de Moscou e mataram ao menos 133 pessoas e feriram mais de uma centena.

Logo após o ataque, o ramo afegão da organização terrorista "Estado Islâmico" (EI), conhecido como "Estado Islâmico Khorasan" ou EI-K, assumiu a responsabilidade em uma breve declaração divulgada pela agência de notícias Amaq, ligada ao grupo, por meio do Telegram.

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O EI-K é conhecido como uma das ramificações mais letais do "Estado Islâmico", o grupo terrorista transnacional que presidiu um proto-Estado, hoje extinto, em partes do Iraque e da Síria. O EI-K matou milhares de pessoas no Afeganistão e no Paquistão em ataques realizados desde 2015.

O nome do grupo deriva de Khorasan, um termo antigo para um território que abrange aproximadamente partes do atual Irã, Turcomenistão e Afeganistão, embora suas atividades se estendam para além dessa região. Além de perpetrar ataques mortais no Irã, Paquistão, Tajiquistão e Uzbequistão, o EI-K também tem se envolvido em operações contra os Estados Unidos e a Europa.

O que é o EI-K?

O EI-K foi formado em 2014 por uma facção de membros desertores do Talibã e da Al Qaeda no Paquistão e no Afeganistão que adotaram uma interpretação mais violenta do jihadismo. Em 2015, o grupo se identificou formalmente como uma extensão do EI na região de Khorasan. Assim como o "Estado Islâmico", o EI-K tem o objetivo de estabelecer um califado transnacional, um Estado para os muçulmanos governado de acordo com sua própria interpretação radical do Islã.

Analistas descrevem as conexões entre os membros do EI-K e de grupos terroristas com ideias semelhantes como fluidas, com combatentes e facções da Al Qaeda, do Talibã e de outras milícias mudando frequentemente de alianças para se juntarem ao EI-K.

Antes de o Talibã tomar o poder no Afeganistão em agosto de 2021, as forças dos Estados Unidos e do governo afegão da época atacaram o EI-K, matando muitos de seus líderes de nível médio e superior. Contudo, o vácuo de segurança deixado pela saída das forças americanas do território afegão deu novo fôlego ao grupo e permitiu a criação de novos campos de treinamento e a expansão de suas redes globais.

As autoridades talibãs afirmam que tentaram conter as atividades do EI-K, alegando que as forças de segurança prenderam milhares de membros do grupo. Mas a capacidade do Talibã de sustar a organização foi considerada insuficiente e ineficaz, uma vez que seus ataques às minorias étnicas e religiosas no Afeganistão se tornaram mais frequentes e mais mortais.

As Nações Unidas expressaram várias vezes a preocupação de que organizações como a Al Qaeda e o EI-K pudessem adquirir armas avançadas da Otan deixadas para trás quando as tropas internacionais se retiraram do Afeganistão.

Fumaça é avistada sobre o edifício que abrigava a casa de shows Crocus City Hall, nos arredores de Moscou, depois de um ataque a tiros no local Imagem: Reuters

Atividades recentes do EI-K

O "Estado Islâmico Khorasan" reivindicou a autoria de um atentado a bomba em 3 de janeiro que matou 95 pessoas em Kerman, no Irã. Os Estados Unidos afirmaram que chegaram a alertar autoridades iranianas sobre a possibilidade de um ataque antes do incidente, assim como disseram ter feito antes do atentado em Moscou na última sexta-feira.

Neste mês, a inteligência americana indicou que o EI-K tinha uma presença ativa na Rússia - com planos de orquestrar ataques em Moscou. Na época, o Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB) disse ter impedido um ataque armado do EI-K contra uma sinagoga na região de Kaluga, perto da capital russa, em 7 de março.

Mas qual a questão dos jihadistas com a Rússia? Os ataques aéreos russos em nome do presidente sírio, Bashar al-Assad, contra posições do EI mudaram o curso da guerra civil na Síria. Desde então, muitos líderes do "Estado Islâmico" condenam o presidente russo, Vladimir Putin, como um líder que tem o sangue dos muçulmanos em suas mãos. A propaganda do EI-K também faz referência à história da intervenção soviética no Afeganistão.

Mas além da Rússia, o "Estado Islâmico Khorasan" também ameaça realizar ataques terroristas em outros lugares da Europa. A polícia alemã, por exemplo, prendeu vários apoiadores do EI-K nos últimos anos. Em março, dois supostos apoiadores do EI foram detidos no estado alemão da Renânia do Norte-Vestfália e acusados de planejar um ataque ao Parlamento sueco.

Na mesma semana, a polícia da Holanda prendeu mais duas pessoas, um homem do Tajiquistão e sua esposa, por suspeitas semelhantes de ligação com o terrorismo.

Os líderes do EI-K prometeram ainda lançar ataques contra a Suécia, Holanda e Dinamarca após episódios em que houve queima do Alcorão nesses países. Autor: Monir Ghaedi

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