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Senador russo propõe lei para reduzir agressividade contra gays

23.mai.2015 - Participantes do festival anual das cores se divertem em Moscou - Dmitry Serebryakov/AFP
23.mai.2015 - Participantes do festival anual das cores se divertem em Moscou Imagem: Dmitry Serebryakov/AFP

28/06/2015 10h36

Moscou, 28 jun (EFE).- O senador russo Konstantin Dobrinin recomendou neste domingo que o país aprove uma lei que imite o princípio de "Não pergunte, não diga", contido na legislação americana até 2011, para diminuir o grau de agressividade contra as minorias sexuais na Rússia.

"Para a Rússia deve ser importante não dar as costas à realidade de nosso tempo e não cair em uma arcaica luta contra os gays. É preciso encontrar uma fórmula legal que garanta o equilíbrio entre a parte conservadora da sociedade e o resto", disse o senador à agência "Interfax".

O chefe adjunto do comitê de Direito Constitucional do Conselho da Federação (senado) russo ponderou que "uma fórmula adequada que poderia funcionar sem provocar agressividade seria o princípio de 'Não pergunte, não diga' (Don't ask, dom't tell)".

Essa lei federal, aprovada em 1993 e revogada em 2011, permitia as Forças Armadas dos Estados Unidos que homossexuais servissem em suas fileiras sempre que ocultassem sua condição, e ao mesmo tempo proibia os comandantes de fazer qualquer indagação sobre as preferências sexuais dos militares às suas ordens.

"O mais importante é diminuir o mais rápido possível o grau de agressividade rumo às minorias, já que as pessoas que as enfrentam devem entender que sua incansável luta provoca uma reação. Quanta mais gente luta contra os gays, mais gente lutará por seus direitos", argumentou Dobrinin.

O senador reforçou que, por mais que alguns políticos e meios de comunicação russos debochem da tolerância dos Estados Unidos e da Europa, o mundo é global e, cedo ou tarde, as minorias sexuais gozarão dos direitos que agora não têm, inclusive na Rússia.

Dobrinin carregou contra os políticos russos que transformaram a homofobia em bandeira, como o deputado da câmara legislativa da região de Leningrado, Vitali Milonov, que exigiu o bloqueio do Facebook em território russo depois de a rede social lançar um aplicativo que permite aos usuários colocar um filtro em suas fotos com as cores do arco íris em homenagem à aprovação do casamento gay nos EUA.

"É imprescindível eliminar do âmbito político e de nossa vida pseudopolíticos que promovem a homofobia e leis lixo. Porque são eles, e não os gays, que representam uma ameaça direta para a segurança da Rússia", afirmou o senador.

A Suprema Corte dos Estados Unidos, em uma sentença histórica, legalizou há dois dias o casamento entre pessoas do mesmo sexo em todo o país, dando por nulas as leis estaduais que proibiam este tipo de união.