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Autor do atentado na Tunísia era ambulante de bairro pobre de Túnis

Zoubeir Souissi/Reuters
Imagem: Zoubeir Souissi/Reuters

Em Túnis

26/11/2015 15h58

O Ministério do Interior da Tunísia revelou nesta quinta-feira (26) que um ambulante de 28 anos, identificado como Hussam Abdelli e morador de um dos bairros mais pobres de Túnis, foi o autor do atentado suicida que matou na terça-feira 12 guardas presidenciais no centro da capital do país.

Em comunicado, o governo tunisiano não deu mais detalhes sobre o autor nem vinculou Abdelli, que vivia no bairro de Ettadhamen, com a célula local do grupo jihadista EI (Estado Islâmico), que reivindicou a autoria do ataque.

Os jihadistas divulgaram um comunicado no Twitter no qual afirmavam que o ataque tinha sido obra de um homem identificado por eles como Abu Abdallah al Tunisi. Na mensagem, o grupo ameaça seguir com os atentados até "implantar a sharia (lei islâmica) na Tunísia".

O ministério informou, além disso, que soldados da brigada tunisiana de luta contra o terrorismo prenderam na noite de ontem 30 pessoas por sua suposta vinculação com o ataque em Túnis.

Em nota, o ministro do Interior, Najem Gharzeli, informou que foram realizados 526 batidas que levaram às detenções e permitiram que as forças de segurança apreendessem propaganda jihadista e diversas armas. Entre os presos está Seifedin Rais, ex-porta-voz do grupo radical "Ansar al Sharia".

Rais, que tinha saído da prisão há um mês, foi preso em sua casa na cidade de Kairouan, no centro do país, e conduzido a um local indeterminado, informou a imprensa tunisiana, sem dar mais detalhes.

O radical já tinha sido preso anteriormente após ser acusado de fazer apologia da violência em nome da religião e de facilitar o envio de jihadistas a combater na Síria, Iraque e a vizinha Líbia. Em 2014, apareceu em um vídeo no qual louvava a luta do EI.

O atentado de terça-feira é o terceiro sofrido pela Tunísia em 2015 e representa uma mudança de estratégia dos jihadistas, já que os dois anteriores tiveram como alvo a indústria do turismo, um dos pilares econômicos do país.

O primeiro atentado ocorreu no dia 18 de março no museu Bardo, na capital, onde dois homens - também vinculados ao EI - burlaram o sistema de segurança e mataram a tiros 22 estrangeiros. Quatro meses depois, em 26 de junho, outro jovem tunisiano ligado ao EI na Líbia, onde recebeu treinamento militar, assassinou 38 turistas em uma praia da cidade de Sousse.

Após o último atentado, que tinha como objetivo atingir ainda mais a frágil economia da Tunísia, o governo decretou estado de emergência por dois meses, medida que voltou a impor na última terça-feira, junto a um toque de recolher noturno.