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Egito admite pela 1º vez que avião russo acidentado foi derrubado

24/02/2016 15h40

Cairo, 24 fev (EFE).- O presidente do Egito, Abdul Fatah al Sisi, admitiu nesta quarta-feira pela primeira vez que o avião russo acidentado no dia 31 de outubro do ano passado com 224 pessoas a bordo na Península do Sinai foi derrubado.

"Acabou o terrorismo? Não, ainda continua, mas todos juntos e unidos podemos lidar com ele. Quem derrubou o avião russo, que objetivo tinha? Só atacar o turismo? Não, além disso (pretendia) danificar as relações com a Rússia e com a Itália para que ficássemos isolados e sozinhos", afirmou o líder em discurso televisionado.

As autoridades egípcias tinham negado até então que o avião russo fora derrubado deliberadamente, como apontam vários países, e se limitavam a dizer que todas as possibilidades estavam abertas e que as investigações em andamento não tinham chegado a nenhum resultado conclusivo.

O grupo terrorista Estado Islâmico (EI) assumiu a responsabilidade pela derrubada do avião e garantiu que o incidente foi ocasionado com uma lata de refrigerante carregada de explosivo, que foi introduzida a bordo do aparelho.

No dia 18 novembro, os jihadistas publicaram em sua revista propagandística "Dabiq" uma imagem da suposta bomba fabricada com uma lata de refrigerante e o que parece ser um detonador e vários cabos para ativar o explosivo.

O grupo detalhou que a decisão de derrubar a aeronave foi adotada depois que, no dia 30 de setembro, "os russos decidiram apoiar o regime de Bashar al Assad na guerra contra os muçulmanos da Síria".

A Rússia, aliada do presidente sírio, havia iniciado então uma campanha de bombardeios na Síria, sua primeira intervenção militar direta desde o início do conflito no país árabe, em março de 2011.

Um dia antes, os serviços de inteligência russos reconheceram que a aeronave da companhia aérea MetroJet, que caiu pouco após decolar da cidade turística de Sharm el-Sheikh, explodiu devido a uma bomba colocada em seu interior.

Os governos de Rússia e Reino Unido decidiram suspender seus voos a Sharm el-Sheikh por motivos de segurança, assim como repatriar seus cidadãos que estavam na cidade.

O discurso de Al Sisi, que durou uma hora e meia, aconteceu durante a apresentação do "Projeto Estratégico de Desenvolvimento Sustentável-Egito 2030", onde detalhou os principais projetos de infraestruturas elaborados no último ano e meio com o objetivo de atrair investimentos.

A referência à Itália pode ser relacionada às recentes tensões entre ambos os países pela morte em estranhas circunstâncias do estudante italiano Giulio Regeni, que, segundo alguns jornais italianos, morreu torturado enquanto detido pelas forças de segurança egípcias, fato negado por Cairo.