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Executar bandidos, a proposta das Filipinas para reduzir a criminalidade

26/05/2016 10h01

Helen Cook.

Manila, 26 mai (EFE).- A execução extrajudicial de ladrões e narcotraficantes é o método proposto pelo presidente eleito das Filipinas, Rodrigo Duterte, para reduzir os índices de criminalidade do país, inclusive com recompensas para quem matar bandidos.

"Traficantes, estejam prontos porque vamos destroçá-los", disse recentemente Ronald de La Rosa, conhecido pelo apelido "A Rocha", que em breve será o novo chefe da Polícia Nacional do país.

"Acumulem balas e armas, estejam prontos para o combate. Vai ser uma luta até a morte", acrescentou em sua mensagem aos criminosos.

De la Rosa foi nomeado nesta semana por Duterte, eleito no último dia 9, após ter prometido durante a campanha que acabaria com a criminalidade nos primeiros seis meses de seu mandato.

"Por que deveríamos ficar preocupados em matar criminosos? Eu digo que temos que matar cinco criminosos por semana para eliminar todos eles", disse o novo presidente em um discurso.

Vários representantes do governo já começaram a seguir as instruções de Duterte, embora a posse do polêmico político esteja marcada para o próximo dia 30 de junho.

Um deles é Tomas Osmeña, prefeito eleito de Cebu, cidade da região central das Filipinas, que ofereceu nesta semana recompensas para os cidadãos que eliminem criminosos. O dinheiro será dado para policiais, agentes e civis sempre que a execução seja justificada e arma utilizada estiver registrada.

"A recompensa por ferir um criminoso será de 5 mil pesos filipinos (US$ 100) e 50 mil pesos filipinos (US$ 1.000) por criminoso morto", disse Osmeña.

Quatro dias depois de oferecer as recompensas, o prefeito eleito de Cebu entregou o primeiro "prêmio" a um policial que, fora de serviço, interveio em um roubo e feriu dois assaltantes.

"Por ferir um ladrão, são 5 mil pesos. Mas como você fez isso fora de serviço, te daremos o dobro. Parabéns!", disse o político quando entregou os 10 mil pesos filipinos ao agente Julius Regis.

A proposta de Osmeña foi considerada como "repugnante" pela Humans Right Watch (HRW), organização que denunciou em várias ocasiões que Duterte comanda um grupo de assassinos de aluguel em Davao, cidade da qual foi prefeito por mais de duas décadas.

"Fornecer incentivos financeiros que a polícia mate criminosos é uma tentativa repugnante de legitimar os esquadrões secretos de morte", afirmou a HRW em comunicado.

"Os filipinos, que durante anos se sacrificaram enormemente pela responsabilidade e o estado de direito, deveriam se opor a essas iniciativas dos políticos", acrescentou a organização.

Até o momento, Duterte está cumprindo a promessa de lançar uma campanha brutal contra a criminalidade. Pouco dias depois do anúncio de sua vitória, por exemplo, o novo presidente afirmou que restaurará a pena de morte por enforcamento, abolida em 2006.

A pena capital será aplicada contra pessoas que tenham cometido crimes relacionados ao tráfico de drogas, estupros ou roubos de veículos nos quais o proprietário for assassinado.

Duterte também deu ordens para que as forças de segurança "disparem para matar" caso algum criminoso resista à prisão.