Entre críticas e dúvidas, familiares das vítimas da guerra do Iraque recebem relatório
As famílias de algumas das vítimas da guerra do Iraque de 2003 começaram a ler nesta quarta-feira (6), a portas fechadas, em Londres, o aguardado "Relatório Chilcot", que analisa as decisões tomadas antes e durante o conflito armado.
Os familiares receberam o documento pouco antes das 7 horas (horário local) no Centro de Conferência Rainha Elizabeth II, onde John Chilcot faria uma declaração à imprensa.
O conteúdo do documento, distribuído em 12 volumes, criou uma grande expectativa, sobretudo porque é esperado que o ex-primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair, seja muito criticado por sua decisão de autorizar a intervenção ao lado dos Estados Unidos.
Alguns parentes dos 179 militares do Reino Unido que morreram na guerra chegaram de diferentes partes do país e alguns levam camisetas onde pediam justiça para seus filhos.
Ann McFerran, mãe do militar Peter McFerran morto no Iraque aos 24 anos, admitiu hoje que está "inquieta" e que quer "Justiça para Peter" confiando que o relatório apresente a conclusão "adequada".
Mark Thompson, pai de Kevin, que morreu em 2007, aos 21 anos, por causa dos ferimentos sofridos no Iraque, afirmou hoje estar muito "nervoso" pelo relatório.
"Ninguém nos disse nada. Sabemos o mesmo que vocês. É um nervosismo para todas as famílias. Ninguém sabe o que esperar", disse Thompson aos jornalistas.
No caso de Sarah O'Connor, cujo irmão, Bob O'Connor morreu no Iraque, reclamou do tempo que durou esta investigação - começou em 2009 - e chamou o documento de "farsa".
No entanto, Julia Nicholson, mãe do militar Gary Nicholson, morto na guerra, expressou seu temor de que o documento seja um "encobrimento" e disse que "Blair tem sangue em suas mãos".
Na frente da casa do ex-primeiro-ministro do Reino Unido, um grupo de manifestantes colocou hoje um cartaz com o título: "Blair deve enfrentar um julgamento por crimes de guerra".
Antes de tornar público seu documento, Chilcot pediu que os futuros conflitos armados como o do Iraque sejam autorizados após uma análise "cuidadosa" e de um "julgamento político".
As famílias das vítimas acreditam que este documento possa servir de base para processar Blair, segundo os veículos de imprensa.
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