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Richard Gere compara ocupação israelense com segregação racial nos EUA

27/03/2017 16h10

Jerusalém, 27 mar (EFE).- O ator americano Richard Gere comparou a ocupação israelense com a segregação racial nos Estados Unidos, em uma visita à cidade de Hebron, na Cisjordânia, conforme um vídeo da ONG Breaking the Silence divulgado nesta segunda-feira.

"É exatamente o que ocorria nos Estados Unidos. Os negros sabiam onde podiam ir, a fonte onde podiam beber, que não podiam ir ali ou comer em tal lugar. Era sabido. Não cruzavam (ao outro lado) porque apanhariam ou seriam linchados", declarou o artista em um passeio feito recentemente com membros da ONG.

Hebron, de 215 mil habitantes, é a única cidade da Cisjordânia que tem colônias judaicas no centro histórico. Isso faz com que ambas as comunidades vivam em extrema tensão e que existam zonas onde Israel restringe o acesso dos palestinos.

Desde 1994, quando o colono Baruch Goldstein matou 29 palestinos na Mesquita de Ibrahim (templo que, para as religiões monoteístas, abriga os túmulos de três casais de patriarcas bíblicos), Israel impõe duras medidas de segurança no local. Uma delas o fechamento de ruas, como a emblemática Al-Shuhada, para a passagem dos palestinos.

"É uma cidade morta, mas quem a possui? E seu sentimento (o dos colonos) é de estar protegidos: 'Posso fazer o que quiser' é aí onde estão as fronteiras", disse em uma rua-fantasma, cheia de lojas fechadas pelo despovoamento palestino da cidade.

Gere se mostrou comovido com as histórias que ouviu na visita a Israel e à Cisjordânia, para o lançamento do filme "Norman: Confie em Mim" (previsto para estrear no Brasil em abril), e disse que Hebron era o "mais estranho" que viu durante sua estadia.

Segundo a Breaking the Silence, organização composta por ex-soldados israelenses que denunciam a ocupação, o ator está comprometido com os direitos humanos e interessado no conflito com os palestinos. Nas imagens divulgadas pela ONG, o ator escuta atentamente as informações dos membros, que explicam que 850 colonos vivem no centro histórico com a proteção do Exército israelense.

O vídeo mostra os soldados solicitando o passaporte dele para permitir acesso a uma das ruas fechadas aos palestinos e ele afirma que não está com o documento na hora. Depois de alguns instantes, os militares reconhecem Gere e terminam fazendo fotos com ele.