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Do xadrez ao violino: os objetos proibidos no califado do Estado Islâmico

Jorge Fuentelsaz

No Cairo (Egito)

07/07/2017 10h05

Longe dos campos de batalha de Mosul, no Iraque, e de Al Raqqa, na Síria - cidades ainda controladas pelo grupo jihadista Estado Islâmico (EI) -, os extremistas continuam impondo a sua lei e proibindo todo tipo de música ou atividades recreativas.

Em uma foto divulgada nesta quinta-feira através do Telegram, um grupo leal ao EI mostra vários instrumentos musicais destruídos após supostamente serem apreendidos pela "Hisba", a unidade policial dos jihadistas.

Restos de um alaúde e de um xilofone, um violino partido ao meio, dois pandeiros pequenos, vários teclados e um tabuleiro de xadrez aparecem na foto. No pé está escrito: "Mostra do trabalho do Escritório da Hisba em Hud al Yarmuk (Síria): Apreensão e destruição de coisas proibidas".

A foto faz parte de uma série de imagens divulgadas pelo grupo Exército Khalid ibn al-Walid, que jurou lealdade ao Estado Islâmico. Nelas, agentes da hisba são vistos percorrendo de carro o povoado, situado na província de Deraa.

Em determinado momento, os "polícias" do EI aparecem perto de caixas cheias de maços de cigarro. Na parte debaixo, a mesma frase que acompanha à fotografia dos instrumentos musicais: "Mostra do trabalho do Escritório da Hisba em Hud al Yarmuk (Síria): Apreensão e destruição de coisas proibidas".

Como parte de sua propaganda, o EI costuma divulgar, além de comunicados de guerra e vídeos de combates e execuções, gravações e fotos das zonas que ainda controla na Síria e no Iraque e nas quais tenta mostrar uma imagem idealizada da realidade.

A "hisba" funciona como uma espécie de corpo policial e de inteligência nas zonas em que o EI controla e é comum a publicação de registros do trabalho nas redes sociais usadas pelos radicais. O termo "hisba", cujo significado literal em árabe é "prestar contas", é empregado no mundo islâmico para designar o cargo de supervisor de assuntos gerais e controlador de preços, mas também ganhou significado religioso-moral.

Em alguns países de maioria muçulmana, como a Arábia Saudita, é utilizado para denominar à polícia "religiosa" ou da moral.

O EI, que ainda governa grandes partes da Síria e do Iraque, impôs em 2014 um califado tirânico, que agora vive os piores momentos com a perda de praticamente toda a Mossul e Al Raqqa, a sua "capital", cercada pelas Forças Democráticas da Síria, uma aliança de milícias encabeçada pelos curdos.