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Desafios de Kim a Trump inflamam tensão na península coreana

20/12/2017 15h36

Andrés Sánchez Braun.

Seul, 20 dez (EFE).- A decidida aposta do regime de Kim Jong-un em conseguir uma arma atômica que alcance o território dos Estados Unidos bateu de frente em 2017 com a chegada ao poder de Donald Trump, cujo tom ameaçador ajudou a gerar na península coreana o ambiente mais tenso em décadas.

Neste ano, Pyongyang ressaltou amplamente a mensagem que já havia enviado em 2016, quando realizou um número recorde de testes nucleares (2) e de mísseis (24).

Pode ser que à simples vista os números dos últimos 12 meses sejam menos audazes (20 testes de mísseis e um teste nuclear), mas não seus resultados e nem as intenções do regime.

Além disso, o tom incendiário com o qual o presidente americano, que ameaçou destruir o país e cujo governo insinuou a possibilidade de invadi-lo, respondeu a cada ação do regime pode ter servido para alimentar ainda mais sua convicção.

Porta-aviões e submarinos de propulsão nuclear, caças e bombardeiros desfilaram neste ano pela Península Coreana em ritmo inédito desde o fim do conflito entre as duas Coreias em 1953.

Esta crescente mobilização levou Pyongyang a ameaçar bombardear Guam, uma pequena ilha administrada pelos EUA no Pacífico Ocidental que hospeda boa parte deste armamento, e a tornar público inclusive um plano de ataque e uma possível data para executá-lo.

No que se refere ao programa de armas, Kim Jong-un já avisou que o país finalizava o pleno desenvolvimento de um míssil balístico intercontinental (ICBM) que seria capaz de alcançar território americano portando uma ogiva nuclear.

E, de novo, neste ano Pyongyang ultrapassou inclusive os prognósticos dos analistas com um frenético ritmo de testes armamentísticos. O regime norte-coreano fecha o ano tendo mostrado avanços nos sistemas de lançamento móvel de mísseis e no domínio da tecnologia necessária para realizar um lançamento "a frio" (no qual é usado gás para a ejeção, em vez da ignição dos motores).

O ano de 2017 também viu a Coreia do Norte testar com sucesso o primeiro projétil de médio alcance com combustível sólido (o que permite um lançamento mais rápido e difícil de detectar) e disparar seu primeiro ICBM, o Hwasong-14, em um dia importante para os EUA, o 4 de julho (data da independência do país).

Após testar um segundo Hwasong-14 no final daquele mesmo mês, o exército norte-coreano voltou a assombrar a comunidade de especialistas lançando em 29 de novembro o Hwasong-15, um ICBM ainda mais avançado que deixou uma opinião generalizada: a Pyongyang resta mais ou menos um ano para ter uma arma capaz de atacar os EUA.

O fato de seus repetidos testes de armas terem valido ao país asiático um número recorde (três, e pode que até quatro) de rodadas de sanção da ONU aprovada em um só ano não diminuiu sua incondicional aposta na carta nuclear.

O regime dos Kim está decidido a incrementar o programa de armas e chegou a dizer publicamente que tem o desejo de atingir um equílibrio de forças com os EUA que faça o Pentágono descartar qualquer incursão militar.