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Agências da ONU alertam sobre catástrofe no Iêmen após 1.000 dias de conflito

30/12/2017 09h13

Genebra, 30 dez (EFE).- A Organização Mundial de Saúde (OMS), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e o Programa Mundial de Alimentos (PMA) afirmaram neste sábado que a situação no Iêmen passou de crise para catástrofe humanitária, completados mais de 1.000 dias do conflito que abala o país.

Em comunicado conjunto, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, e os diretores-executivos do Unicef, Anthony Lake, e do PMA, David Beasley, mostraram a situação desesperada de um país no qual a guerra provocou um "sofrimento humano inimaginável".

O Iêmen é palco de um conflito aberto desde 2014, quando os rebeldes houthis ocuparam a capital, Sana, e outras províncias. O confronto se agravou em março de 2015 com a intervenção da coalizão militar liderada pela Arábia Saudita em apoio às forças leais ao presidente deposto do país, Abdo Rabbo Mansour Hadi.

"O conflito no Iêmen criou a pior crise humanitária do mundo, uma catástrofe que afeta todo o país. Cerca de 75% da população precisa de ajuda humanitária, entre elas 11,3 milhões de crianças", indicaram os diretores das agências da ONU no comunicado.

"Pelo menos 60% dos iemenitas sofrem com a insegurança alimentar, e outros 16 milhões não têm acesso à água potável e instalações sanitárias adequadas. Muitos iemenitas não têm acesso a serviços de saúde básica, uma vez que menos da metade dos hospitais funciona plenamente. Os funcionários não recebem seus salários há meses", completou a nota.

Para as três agências da ONU, os dados não refletem a realidade, que deve ser ainda pior. Isso ocorre porque não há acesso a algumas das regiões mais afetadas pela guerra no país.

"O que sim sabemos é que o Iêmen superou o ponto de não retorno e que aconteceu um rápido declínio de uma crise para uma catástrofe que se aprofunda", alertaram os diretores de Unicef, OMS e PMA.

Recentemente, a ONU conseguiu enviar combustível e alimentos ao Iêmen através do porto de Al Hudayah.

"É essencial que se mantenha esse abastecimento, uma vez que as restrições sobre as importações de combustível provocaram uma duplicação dos preços do diesel. Isso ameaça o acesso à água potável por falta de funcionamento das bombas e o cuidado médico pela falta de geradores e combustível para alimentá-los", indicou a nota.

"Pedimos mais uma vez a todas as partes do conflito que permitam imediatamente o pleno acesso humanitário no Iêmen e que parem os enfrentamentos armados", concluíram os diretores das três agências das Nações Unidas.