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Japão registra mais de 100 mortes nas piores chuvas em décadas no país

09/07/2018 14h50

Antonio Hermosín.

Tóquio, 9 jul (EFE).- As fortes chuvas que atingem o Japão nos últimos dias já provocaram um total de 126 mortes e deixaram 58 pessoas desaparecidas, segundo os últimos dados oficiais divulgados nesta segunda-feira, uma das piores catástrofes naturais deste tipo no país em décadas.

O forte volume de precipitações registradas desde a quinta-feira em partes do sul, do centro e do oeste do arquipélago japonês causaram graves danos em milhares de imóveis e infraestruturas, causaram a evacuação de dezenas de milhares de pessoas e deixaram populações inteiras isoladas.

Por enquanto, há 126 mortes e 58 desaparecidos, a maioria deles nas prefeituras de Hiroshima (oeste) e Okayama e Ehime (sudoeste), segundo os últimos dados divulgados pelas autoridades locais e apresentados pela emissora estatal japonesa "NHK".

O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, cancelou sua viagem à Europa e ao Oriente Médio prevista para esta semana para coordenar pessoalmente os trabalhos de assistência às vítimas e visitar as áreas atingidas, segundo seu porta-voz.

Ao redor de 73 mil efetivos das Forças de Autodefesa (exército), da polícia e dos bombeiros continuam hoje com as operações de busca por desaparecidos e de resgate de pessoas que se refugiaram nos telhados dos edifícios inundados, um trabalho no qual também participam 73 helicópteros e dezenas de embarcações.

A maioria dos mortos e desaparecidos foi arrastada pelas enchentes de rios e pelo transbordamento de diques, enquanto outros foram soterrados por deslizamentos de terra e ficaram presos em desabamentos de edifícios provocados pelas precipitações, que alcançaram 1.600 milímetros acumulados em alguns pontos, o maior nível registrado no país desde 1976.

As autoridades japonesas chegaram a recomendar a evacuação de 5,9 milhões de cidadãos de 19 províncias durante o fim de semana e, no domingo, mais de 30 mil pessoas passaram a noite em abrigos, segundo dados do governo.

Na cidade de Mabicho (Okayama), uma das mais atingidas pelo fenômeno, cerca de 1.200 hectares, o equivalente a dois terços de sua superfície, ficaram totalmente inundadas em questão de horas, e mil pessoas tiveram que buscar refúgio em telhados e terraços dos 4.600 imóveis que foram engolidos pela água e pela lama.

A Agência Meteorológica do Japão (JMA, na sigla em inglês) já retirou o nível máximo de alerta nas regiões atingidas, mas mantém os avisos para inundações e deslizamentos de terra em várias províncias.

O Ministério de Território, Infraestrutura, Transporte e Turismo está utilizando caminhões de drenagem para extrair a água das regiões alagadas, um trabalho que poderia levar duas semanas para ser concluído.

As chuvas também provocaram a suspensão dos serviços de transporte em dezenas de linhas ferroviárias e o fechamento de várias estradas, interrupções que continuam durante o dia de hoje.

Além disso, a catástrofe afetou empresas como as automobilísticas Mazda, Toyota e Mitsubishi e a tecnológica Panasonic, que foram obrigadas a suspender a produção em várias de suas unidades, e alterou a rede logística da gigante do comércio digital Amazon e de outras companhias japonesas de transporte.

Estas chuvas estão entre as mais devastadoras na histórica recente do Japão, um país onde as condições meteorológicas extremas são frequentes, sobretudo no período do verão, que vem acompanhado fortes precipitações e tufões.

Mais de 70 pessoas morreram nos deslizamentos de terra causados pelas chuvas em Hiroshima em 2014, enquanto a passagem dos tufões Haikui (2012) e Ewiniar (2006) pelo arquipélago de Okinawa deixaram 105 e 141 mortos, respectivamente.