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Pompeo afirma que EUA não podem dirigir negociação de paz com talibãs

09/07/2018 14h17

Cabul, 9 jul (EFE).- O secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, afirmou nesta segunda-feira durante uma visita surpresa a Cabul que seu país não pode se sentar para negociar com os talibãs para "resolver" o conflito "de fora" e que o processo de paz deve ser liderado pelos afegãos.

"Não podemos dirigir as negociações de paz, não podemos resolvê-lo de fora, isso será resolvido pelo povo afegão", afirmou Pompeo durante uma entrevista coletiva na capital do Afeganistão, em sua primeira visita oficial como secretário de Estado.

Acompanhado do presidente afegão, Ashraf Ghani, Pompeo destacou que os EUA estão preparados para "participar" do processo de paz dirigido pelos afegãos e para ajudar o governo afegão e os talibãs a "resolver as diferenças".

"O processo de paz será dirigido pelos afegãos" e os talibãs só poderão se unir a ele se "renunciarem" ao terrorismo e abandonarem seus vínculos com organizações extremistas como Al Qaeda, acrescentou.

Pompeo ressaltou que a nova estratégia para o Afeganistão apresentada pelo presidente americano, Donald Trump, em agosto do ano passado, enviou "uma mensagem clara" aos insurgentes de que não podem ganhar no campo de batalha.

"Muitos talibãs" se deram conta agora de que não poderão obter uma vitória militar, disse o secretário de Estado, em referência à nova política de Trump, que inclui o aumento de tropas até estas contarem 14 mil soldados, 3 mil a mais, e uma postura dura em relação ao Paquistão, a quem acusa de dar cobertura a terroristas em seu território.

Pompeo pediu aos países vizinhos que apoiem o processo de paz no Afeganistão e as próximas eleições parlamentares, previstas para 20 de outubro.

Durante a entrevista coletiva, Ghani afirmou que a "absoluta maioria" dos afegãos acredita que é necessário estabelecer a paz no país, mas o "processo de paz é muito complicado" e precisará de "esforços extraordinários, paciência e coragem".

A guerra do Afeganistão é a mais longa da história dos EUA, no meio de uma intensificação da violência após o final da missão da Otan em 2015, que só continua no país em tarefas de treinamento e capacitação das forças afegãs.