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Presidente de El Salvador terá que depor por desaparecimento de embaixador

10/07/2018 22h44

San Salvador, 10 jul (EFE).- A Sala do Constitucional da Suprema Corte de El Salvador ordenou nesta terça-feira que o presidente do país, Salvador Sánchez Cerén, preste depoimento diante de um juiz para esclarecer o desaparecimento do embaixador da África do Sul em 1979, após ser sequestrado pela organização guerrilheira que ele dirigiu durante a guerra civil.

"No presente caso deverá considerar-se como sujeito demandado o senhor Salvador Sánchez Cerén, na sua qualidade de particular, como membro das 'Forças Populares de Libertação', segundo o determina o litigante", indicou o Órgão Judicial, sem precisar a data na qual o presidente deverá prestar depoimento.

O embaixador Archibald Gardner Dunn foi sequestrado em 28 de novembro de 1979 na capital salvadorenha e as Forças Populares de Libertação (FPL) enviaram um comunicado à imprensa datado de 8 de outubro de 1980 no qual informavam do assassinato do diplomata sul-africano e se recusavam a informar o paradeiro do seu corpo.

O Órgão Judicial informou nesta terça-feira que a Sala do Constitucional "decretou auto de exibição pessoal" contra o presidente salvadorenho ao admitir um habeas corpus pelo desaparecimento forçado do embaixador sul-africano Archibald Gardner Dunn.

O presidente salvadorenho "deverá pronunciar-se sobre a vulneração constitucional alegada e brindar informação relacionada à localização da pessoa da qual se afirma seu desaparecimento", acrescentou a fonte sem mais detalhes.

Dunn foi sequestrado em 28 de novembro de 1979 quando saía dos escritórios da representação diplomática sul-africana no setor oeste da capital salvadorenha.

Posteriormente o grupo guerrilheiro exigiu um resgate no valor de US$ 2 milhões, segundo o neto do diplomata, Chistopher Robin Gardner Dunn Moreira.

Nas negociações para a libertação de Dunn participaram como mediadores o beato monsenhor Oscar Arnulfo Romero e Ernesto Rivas Gallont, embaixador salvadorenho nos Estados Unidos durante boa parte da guerra civil, que oficialmente começou em 1980.

Este conflito armado travado entre o exército, financiado pelos Estados Unidos, e a guerrilha FMLN, agora o partido do governo, se estendeu até 1992 e deixou 8.000 desaparecidos e 75.000 mortos.