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Moeda da Venezuela perde cinco zeros e passa a se chamar bolívar soberano

Presidente Nicolás Maduro apresenta cédula da nova moeda, o bolívar soberano - Miraflores Palace/Handout via Reuters
Presidente Nicolás Maduro apresenta cédula da nova moeda, o bolívar soberano Imagem: Miraflores Palace/Handout via Reuters

Caracas

19/08/2018 22h11

Os bancos da Venezuela farão na noite deste domingo (19) um blecaute eletrônico como parte do processo de conversão monetária com o qual serão eliminados cinco zeros da moeda nacional, o bolívar, que a partir desta segunda-feira levará o sobrenome de "soberano".

A Sudeban (Superintendência das Instituições do Setor Bancário da Venezuela), que lembrou que os bancos não prestarão serviços nos seus escritórios, agências e caixas externos nesta segunda-feira, detalhou na sua conta do Twitter a quantidade de horas nas quais os bancos eletrônicos não funcionarão em cada entidade financeira.

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A entidade bancária que demorará mais para adequar sua plataforma, e que segundo a Sudeban já interrompeu seus serviços de bancos eletrônicos, é o estatal Banco da Venezuela, que será afetado por 23 horas, enquanto outros, como os privados Banesco e Mercantil terão interrupções de pelo menos dez horas.

Os bancos públicos e privados não prestam serviço nos seus escritórios desde sexta-feira por causa desta conversão com a qual o Governo procura "facilitar" as transações econômicas e comerciais no país, submerso em uma hiperinflação, que segundo estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI) fechará o ano em 1.000.000%.

As entidades financeiras têm tido a tarefa de informar pelas redes sociais sobre como serão as novas notas e a quanto equivalerá uma delas em relação ao que entrará em vigência nesta segunda-feira, dia que foi decretado pelo governo de Nicolás Maduro como feriado para facilitar a conversão.

A partir de segunda-feira, a nova família monetária conviverá com as notas de alto valor até sua extinção, pois as menores de 1.000 bolívares já não terão valor, conforme estabelecido pelo Banco Central do país.

Além disso, todos os salários, preços de bens e serviços, cheques e outros deverão ser ajustados à nova denominação da moeda nacional.

Devido à conversão e à incerteza dos comerciantes e venezuelanos em geral em relação a esta e outras medidas econômicas tomadas pelo presidente Nicolás Maduro, algumas lojas que funcionam aos domingos ficaram fechadas desde esta tarde. Outras nem sequer abriram suas portas.

Algo similar aconteceu no sábado, depois do aumento abrupto de salário anunciado por Maduro, com a diferença de que os lugares que abriram ficaram abarrotados de pessoas devido ao temor de um possível aumento dos preços.

Novo salário mínimo

O governo anunciou na sexta-feira um aumento de salário mínimo dos trabalhadores até 35 vezes superior ao atual, o que equivale a 723 bolívares ou US$ 45, segundo as taxas oficiais atuais de referência no país.

O salário passará de 5.196.000 bolívares para 180.000.000, uma quantidade que será expressada em bolívares "soberanos", ou seja, 1.800.

Além disso, o Governo informou que entregará à governista Assembleia Nacional Constituinte (ANC) um projeto de reforma de várias leis para estabelecer o novo sistema tributário e fiscal com o qual serão aumentados os impostos sobre o valor agregado, a renda e grandes transações.

Maduro anunciou também a extensão do censo de transportadoras até o próximo dia 30 deste mês e em setembro deve definir o início do aumento da gasolina que será "progressivo" após "aperfeiçoar" o novo sistema de pagamento do combustível.

Por causa destas medidas, três partidos opositores, a Causa R do dirigente Andrés Velásquez, o Vontade Popular (VP) liderado pelo político preso Leopoldo López e o Primeiro Justiça (PJ) do ex-presidente do Parlamento, convocaram para terça-feira uma greve e um protesto nacional.

Segundo explicou Valásquez hoje, a greve será "por tempo definido", embora também tenha dito que este é "um primeiro passo de uma agenda de luta que certamente vai ter outras interrupções".

"As medidas anunciadas na sexta-feira passada não são nenhum plano de recuperação econômica para o país, não o são. Pelo contrário, o que representa para o povo venezuelano é mais fome, é mais ruína, mais pobreza, mais sofrimento, mais dor, mais inflação", disse o político.

O Parlamento venezuelano também informou hoje que convocou para a próxima terça-feira uma sessão extraordinária para debater "as consequências" das medidas econômicas.