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Presidente da Nicarágua expulsa missão da ONU após denúncia de repressão

29.ago.18 - Presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, e sua esposa e vice-presidente, Rosa Murillo, em Managua - Alfredo Zuniga/AP
29.ago.18 - Presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, e sua esposa e vice-presidente, Rosa Murillo, em Managua Imagem: Alfredo Zuniga/AP

31/08/2018 14h43

O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, expulsou nesta sexta-feira (31) do país a missão do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) dois dois aós esta ter denunciado em relatório o "alto grau de repressão" dos protestos contra o Governo.

Assim anunciou o Centro Nicaraguense de Direitos Humanos (Cenidh). Segundo a presidente da ONG, Vilma Núñez, esta é uma decisão inédita do Governo de Ortega, que enfrenta desde abril uma onda de protestos que já deixaram centenas de mortos.

De acordo com o Cenidh, Ortega ordenou que a missão da ONU deixe a Nicarágua ainda nesta sexta-feira.

A missão da ACNUDH chegou à Nicarágua em junho para conhecer a crise sociopolítica que, segundo o relatório emitido na quarta-feira (29) em Genebra, deixou "mais de 300 mortos e 2.000 feridos".

A missão, liderada pelo peruano Guillermo  Fernández Maldonado, já havia denunciado obstáculos do Governo para realizar seu trabalho na Nicarágua.

No relatório, a ACNUDH acusa o Governo de "uso desproporcional da força por parte da Polícia, que às vezes se traduziu em execuções extrajudiciais, desaparecimentos forçados, e obstrução do acesso à atendimento médico", entre outras violações dos direitos humanos contra qualquer pessoa que tenha opinião diferente do Executivo.

Também o responsabilizou de "detenções arbitrárias ou ilegais com caráter generalizado, frequentes maus tratos e casos de torturas e violência sexual nos centros de detenção, violações às liberdades de reunião pacífica e expressão".

O presidente nicaraguense já rejeitou o relatório "por considerá-lo subjetivo, desleixado, com prejulgamentos e notoriamente parcial, redigido sob a influência de setores vinculados à oposição, e ausente do devido cuidado na sua redação de maneira objetiva".

O relatório da ACNUDH, que recebeu o apoio da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), "deixou plasmada a barbárie, as atrocidades, as violações aos direitos humanos que o povo da Nicarágua está sofrendo, da qual é responsável Ortega e Rosario  Murillo (primeira-dama e vice-presidente)", afirmou nesta sexta-feira Núñez.

A presidente do Cenidh ressaltou que com a expulsão da ACNUDH, Ortega procura evitar que o caso da Nicarágua seja tocado no dia 5 de setembro próximo no Conselho de Segurança da ONU, e ao mesmo tempo adverte de "mais repressão contra os nicaraguenses".