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Reino Unido e aliados acusam governo chinês de campanha de ciberataques

20/12/2018 15h22

(Atualiza com novos dados).

Londres, 20 dez (EFE).- O governo do Reino Unido, junto com outros países aliados, acusou nesta quinta-feira "elementos do governo da China" por uma "ampla campanha de ciberataques" contra propriedade intelectual e dados comerciais "sensíveis" na Europa, na Ásia e nos Estados Unidos.

O Ministério das Relações Exteriores britânico disse que foi identificado como autor destes ataques digitais "maliciosos" um grupo conhecido como RPT 10, que atuaria "para o Ministério de Segurança de Estado chinês", segundo um comunicado.

Este grupo "quase com certeza" segue atacando empresas globais para ter acesso a "segredos comerciais", afirma esse comunicado.

O Centro Nacional de Segurança Cibernética (NCSC) do Reino Unido concluiu que RPT 10 é responsável, pelo menos desde 2016, "por uma campanha de atividade contra provedores de serviços gerenciados (MSP)", empresas de gestão informática remota.

Esta campanha, que é amplamente conhecida como Cloud Hopper, buscava informação comercial sensível e de propriedade intelectual desses MSP e de seus clientes, e "é altamente provável que os acessos fossem usados para cometer espionagem comercial", afirma o comunicado emitido em Londres.

O NCSC considera "altamente provável" que o grupo "mantém uma relação duradoura com o Ministério de Segurança de Estado chinês e opera segundo os requerimentos do Estado chinês".

O ministro de Relações Exteriores britânico, Jeremy Hunt, pediu a China que acabe com essa atividade perniciosa e acusou o país asiático de violar os compromissos adquiridos com o Reino Unido em nível bilateral em 2015 e como parte do G20.

A China se comprometeu então "a não efetuar nem apoiar o roubo de propriedade intelectual ou segredos comerciais mediante suportes cibernéticos", afirmou Hunt.

"Nossa mensagem aos governos dispostos a permitir este tipo de atividades é clara: junto com nossos aliados, denunciaremos os atos de vocês e tomaremos outras medidas necessárias para garantir que a lei seja cumprida", declarou o ministro britânico.

Segundo a nota, que não especifica quais outros países foram afetados, o NCSC organizará no ano que vem um encontro com provedores de serviços ao governo britânico para melhorar a segurança e os controles.

Esta é a primeira vez que o governo do Reino Unido acusa abertamente o Estado chinês de uma campanha de ciberataques e espionagem digital.

Previamente, Londres atribuiu a agentes norte-coreanos o ataque "ransomware" WannaCry de 2017, e ao Instituto Mabna do Irã uma campanha contra universidades de todo o mundo.

O Reino Unido também acusou o serviço de inteligência militar russo GRU de uma série de ataques conhecidos como NotPetya, WADA e BadRabbit. EFE