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Guaidó insiste em eleições "reais" para pôr fim à crise venezuelana

27/01/2019 01h34

Caracas, 26 jan (EFE).- O chefe do Parlamento venezuelano e autoproclamado presidente da Venezuela, Juan Guaidó, insistiu neste sábado que a solução para a severa crise venezuelana passa pela convocação de eleições "reais" e com garantias, ao mesmo tempo que disse que não aceitará um diálogo "falso" com o Governo de Nicolás Maduro.

"Não nos prestaremos a falsos diálogos e muito menos a participar de eleições que não tenham as condições reais", disse o opositor em uma assembleia aberta com centenas de simpatizantes no leste de Caracas.

As afirmações de Guaidó acontecem simultaneamente à exigência feita hoje a Maduro por vários países europeus para que anuncie eleições nos próximos oito dias.

Os Governos da Espanha, França, Alemanha, Reino Unido, Portugal e a Holanda ameaçaram Maduro a convocar eleições como uma condição para não reconhecer Guaidó como presidente interino da Venezuela.

A decisão destas nações, que Guaidó elogiou, intensifica a pressão internacional sobre Maduro, que governa desde 2013, e levou Guaidó a reiterar que compartilha o chamado às eleições como fórmula para destravar a crise política, embora tenha alertado que "são muitos" os elementos de eleições livres" que o país necessita.

Entre eles, mencionou a renovação do registro eleitoral, que disse também deve ser aberto fora da Venezuela, e que não existam dirigentes inabilitados ou partidos ilegalizados, como ocorreu nas últimas eleições à Presidência.

Além disso, afirmou que está disposto a dialogar com funcionários que deem as costas a Maduro e, embora tenha dito que "então" informará com quem sustentou reuniões, não confirmou nenhuma.

"Estamos dispostos a nos reunir com todos os funcionários, a nos aproximar para conseguir a cessação da usurpação, Governo de transição e eleições livres", disse como fez desde que assumiu a chefia da Câmara há quase um mês.

"Não estamos negociando nada, estamos fazendo exigências de acordo com a Constituição", esclareceu.

Guaidó respondeu assim aos constantes questionamentos que surgiram desde que na véspera o Governo de Maduro assegurou que o opositor pediu a Diosdado Cabello, considerado número dois do chavismo e chefe de um órgão que arrebatou do Parlamento suas competências, se reunir em um hotel de Caracas.

Na sexta-feira, o ministro de Informação da Venezuela, Jorge Rodríguez, mostrou um vídeo com "provas" de uma suposta reunião entre Guaidó e Cabello.

Guaidó não confirmou hoje a veracidade deste material, ao mesmo tempo que pediu ao chavismo que divulgue "o que quiser".

Enquanto Cabello disse hoje que informará quais temas foram tratados nesse encontro, Guaidó insiste em negar que ocorreu.

Guaidó elevou a tensão política na Venezuela na quarta-feira ao assegurar que assumia de forma interina as competências do Executivo diante da "usurpação" que, considera, faz Nicolás Maduro da Presidência.

O líder chavista venceu com folga o pleito de maio, ao qual não concorreu grande parte da oposição por considerá-lo fraudulento, e tomou posse há 16 dias diante do Supremo.

Mas o antichavismo afirma que Maduro "usurpa" a Presidência, ao estimar que seu segundo mandato de seis anos é "ilegítimo" e, portanto, o Poder Executivo recai no chefe do Parlamento até que sejam convocadas novas eleições, segundo a interpretação que fazem de vários artigos da Carta Magna.

Também hoje, Maduro recebeu no palácio presidencial de Miraflores um grupo de simpatizantes e insistiu nas denúncias de golpe de Estado contra sua Administração. EFE