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Investigação sobre morte de filho de testemunha do caso Odebrecht é arquivada

29/01/2019 21h04

Bogotá, 29 jan (EFE).- A Promotoria da Colômbia arquivou nesta terça-feira a investigação sobre a morte de Alejandro Pizano Ponce de León, filho de uma das testemunhas-chave do caso Odebrecht no país e que também morreu em novembro do ano passado.

O procurador-geral da Colômbia, Néstor Humberto Martínez, explicou em entrevista coletiva que uma promotora do departamento de Cundinamarca, na região central do país, decidiu arquivar o caso por considerar que a morte de Ponce de León foi acidental.

"As evidências probatórias coletadas, depoimentos, provas documentais e técnicas, permitiram estabelecer que o filho da testemunha morreu de forma acidental", disse Martínez.

Jorge Enrique Pizano, pai de Alejandro, morreu após sofrer uma parada cardíaca em sua casa de campo, que fica em uma cidade próxima a Bogotá. Três dias depois, o filho da testemunha, que vivia na Espanha e viajou à Colômbia para o enterro, morreu ao beber uma garrafa de água que estava na escrivaninha do quarto do pai. A bebida estava envenenada com cianureto.

Em buscas realizadas no imóvel, a Polícia Nacional da Colômbia encontrou cerca de 1kg de cianureto debaixo da pia de um dos banheiros da casa que pertencia à família Pizano.

O depoimento de Jorge Enrique Pizano era considerado essencial pelos investigadores porque ele atuava como interventor da construção da Rota do Sol II, construída por um consórcio liderado pela construtora brasileira.

Segundo o jornal "El Tiempo", os promotores conseguiram vídeos que mostram Pizano comprando seis garrafas de água em uma loja local. Empregados da casa afirmaram em depoimento que viram o patrão levando uma delas, junto com uma colher, para um banheiro do segundo andar, onde posteriormente os agentes encontraram o cianureto.

Os promotores também coletaram outros depoimentos e ouviram a psicóloga da testemunha-chave do caso Odebrecht. Segundo essas declarações, explicou Martínez, Pizano já havia expressado em outras oportunidades que queria se matar e que utilizaria uma substância tóxica para morrer.

A testemunha teria também deixado uma carta para a família.

"Nela há uma série de tarefas pendentes para serem feitas e informações como passaportes, detalhes bancários, obrigações financeiras e monetárias", revelou o procurador-geral, de acordo com o jornal "El Tiempo".

Segundo Martínez, a família de Pizano confia na decisão da promotoria de arquivar o caso sobre a morte de Ponce de Léon.

A morte de Pizano gerou grande confusão no país. Depois do falecimento, uma emissora local exibiu uma entrevista com o ex-interventor na qual ele afirmava que Martínez sabia desde 2015, antes de assumir o cargo de procurador-geral, que havia irregularidades na licitação para a construção da Rota do Sol II.

Também testemunha do caso Odebrecht, Rafael Merchán, ex-secretário de Transparência da Presidência da Colômbia, foi encontrado morto em casa. A Procuradoria-Geral concluiu que ele se suicidou após ingerir cianureto comprado por ele próprio em uma loja de produtos químicos de Bogotá. EFE