França cria comissão para recopilar testemunhos de pedofilia na Igreja
Paris, 3 jun (EFE).- Uma comissão independente de especialistas, criada a pedido da Igreja Católica da França, recopilará a partir desta segunda-feira, e pelo período de um ano, testemunhos de pessoas que tenham conhecimento de abusos sexuais cometidos contra menores por parte de membros da instituição desde 1950.
"Em primeiro lugar, trata-se de medir a magnitude do fenômeno porque não temos um enfoque global no plano quantitativo, e no plano qualitativo não dispomos de um conhecimento suficiente dos mecanismos que conduziram aos abusos, o que pôde favorecer em alguns casos uma cultura do abuso", explicou o presidente da comissão, Jean-Marc Sauvé.
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Em declarações ao jornal "Le Parisien", Sauvé disse que a missão está centrada nos abusos sexuais "cometidos contra menores e pessoas vulneráveis por clérigos e religiosos desde 1950".
Para isso, foi colocado à disposição dos que tenham algo para declarar um telefone, um e-mail e um endereço postal.
Depois de uma primeira entrevista, essas pessoas são incentivadas a preencher um questionário anônimo para constituir uma base estatística que será tratada por um instituto de pesquisa e analisada por um grupo de pesquisadores.
Os denunciantes que desejarem poderão ser ouvidos pela própria comissão, que, além disso, tem a intenção de fazer o mesmo com especialistas e examinar os arquivos diocesanos e judiciais.
A expectativa também é que os bispos sejam solicitados a relatar os casos que foram vividos em suas dioceses nas últimas sete décadas.
A comissão presidida por este antigo vice-presidente do Conselho de Estado é composta por 22 membros, entre os quais há magistrados, advogados, teólogos, psicólogos, um historiador, um antropólogo, um sociólogo e um inspetor de finanças.
"Temos que medir todas as interações entre as vítimas, os abusadores, as famílias, a Igreja, a sociedade civil e a autoridade pública para entender porque a maioria destes casos ficaram tapados por uma camada de silêncio", afirmou Sauvé.
O relatório final deste trabalho deve ser divulgado no final de 2020 ou no começo de 2021. EFE