Rússia critica relatório de investigação de queda de avião malaio na Ucrânia
Moscou, 19 jun (EFE).- O Ministério das Relações Exteriores da Rússia criticou nesta quarta-feira as conclusões apresentadas pela Equipe de Investigação Conjunta (JIT) sobre o envolvimento de três cidadãos russos na queda do avião da Malaysia Airlines MH17 no leste da Ucrânia em 2014 e as tachou de "infundadas".
"As declarações feitas pela JIT sobre o suposto envolvimento de militares russos na queda do Boeing malaio MH17 são lamentáveis", afirmou em comunicado a chancelaria da Rússia.
"Mais uma vez são formuladas acusações totalmente infundadas contra a Rússia, encaminhadas a desacreditar o país aos olhos da comunidade internacional", sustentou Moscou.
A JIT responsabilizou hoje em entrevista coletiva na cidade de Nieuwegein, na Holanda, três russos e um ucraniano pelo envolvimento na derrubada do avião da Malaysia Airlines e anunciou que todos serão julgados em 2020.
O governo russo afirmou que, assim como em entrevistas coletivas anteriores da JIT, "nesta ocasião também não foi apresentada nem uma só prova concreta que apoie este tipo de declarações ilícitas".
O ministério considerou que a JIT se limitou a argumentos "pouco sensatos apoiados em fontes duvidosas" e ignora os dados divulgados pela Rússia e a acusa de se negar a cooperar.
"Rejeitamos decididamente este tipo de acusação. Desde o primeiro dia desta tragédia a Rússia se interessou ao máximo em estabelecer a verdade e esteve disposta a apoiar a investigação", indicou.
Segundo Moscou, as entidades especializadas russas realizaram "um trabalho colossal" para ajudar na investigação, que vai desde revelar dados secretos sobre equipamento bélico russo até a realização de testes complexos e a entrega de dados de radares e documentação que provariam que o míssil que derrubou o MH17 pertencia à Ucrânia.
Além disso, a Rússia apresentou perícias que, segundo alega, provam que parte dos materiais utilizados pela JIT "foi falsificada".
O Ministério das Relações Exteriores reiterou que a JIT não aceita a colaboração de Moscou na investigação, enquanto a Ucrânia participa plenamente das apurações, "permitindo-lhe falsificar as provas e diminuir sua responsabilidade por não fechar seu espaço aéreo".
"Nestas circunstâncias, surgem inquietações justas em relação à qualidade do trabalho da JIT. Tudo isso confirma nossas preocupações em relação à parcialidade do processo", acrescentou.
A JIT, formada depois do desastre, revelou no ano passado em um relatório que o sistema de mísseis que derrubou o avião malaio pertencia a uma unidade militar russa, que o transferiu da cidade de Kursk a um território controlado por separatistas pró-Rússia em Donetsk (leste da Ucrânia) um mês antes do ataque.
Após a publicação do relatório, Holanda e Austrália, países dos quais procedem a maioria das vítimas, responsabilizaram formalmente a Rússia de "participar" da derrubada do MH17.
A Rússia negou categoricamente os dois principais argumentos da comissão de investigação: que o míssil que abateu o avião foi lançado de uma região controlada pelos separatistas pró-Rússia e que a plataforma de lançamento saiu da Rússia, para onde teria retornado após a catástrofe.
Um total de 298 passageiros e tripulantes, entre eles 196 holandeses, viajavam no voo da Malaysia Airlines entre Amsterdã e Kuala Lumpur, quando foi derrubado em uma área do leste da Ucrânia envolvida em um conflito armado desde abril de 2014. EFE
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