Consumo de opioides está ligado ao alto número de infecções cardíacas nos EUA
Los Angeles, 18 set (EFE).- O consumo de opioides está ligado a um alto número de infecções cardíacas, algo que afeta, principalmente, usuários de analgésicos com uma média de idade de 38 anos, de acordo com a Associação Americana do Coração (AHA, na sigla em inglês), que classificou a situação como "epidemia nacional".
O órgão apresentou um relatório nesta quarta-feira, em documento elaborado a partir de pesquisa realizada durante 14 anos. O texto afirma que aproximadamente 34 mil pessoas recebem tratamento a cada ano, por causa de endocartite infecciosa.
A condição é originada por fungos ou bactérias presentes no sangue, que afetam, "de maneira especial", pessoas que consomem opioides.
"A endocardite infecciosa, relacionada com o abuso de drogas é uma epidemia nacional", afirmou Serge Harb, autor principal do estudo.
O especialista apontou que a infecção ataca as paredes internas das válvulas do coração, e ainda revelou alguns grupos de risco.
"Jovens e pobres estão entre os mais vulneráveis, e também com frequência os que apresentam HIV, hepatite C e abuso de álcool", explicou.
Para elaborar o relatório, cerca de 1 milhão de pessoas, da Mostra Nacional de Pacientes Hospitalizados, que supõe uma ampla base de dados e permitiu a avaliação de doentes com infecções no coração, relacionadas ao uso de drogas.
Durante os 14 anos do estudo, os pesquisadores viram que o índice de casos de infecções cardíacas relacionadas com o abuso de opioides duplicou, indo de 8% para 16%.
Todas as regiões dos Estados Unidos tiveram alta, com a maior acontecendo no meio-oeste do país, com cerca de 5% de aumento anual, segundo o relatório divulgado na revista científica da AHA.
A média de idade dos pacientes viciados em analgésicos é de 38 anos, sendo de maioria branca. Foram também os que tiveram internações mais longas, com maiores custos ao sistema público de saúde, já que 45% do dependem dele.
Este grupo foram os mais propensos a serem operados do coração, mas, devido a idade relativamente jovem, são menos propensos de morrerem enquanto hospitalizados.
"É necessária a implementação de medidas de saúde pública em níveis nacionais para enfrentar essa epidemia, com programas regionais dirigidos a apoiar especificamente os pacientes com maior risco", disse Harb, que também é professor assistente em uma escola de Cleveland, em Ohio.
Segundo dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, a cada dia morrem 200 pessoas no país por causa de opioides. A dependência afeta 4 milhões de pessoas.
As autoridades locais tentam controlar a situação, que tem origem, inclusive, em prescrições médicas. O presidente Donald Trump, em 2017, chegou a apontar a crise dos opioides como uma emergência de saúde pública. EFE
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