Irã diz que ataque à Aramco deve servir como alerta aos "inimigos da região"
Teerã, 18 set (EFE).- O presidente do Irã, Hassan Rohani, disse nesta quarta-feira que "inimigos da região aprenderam uma lição" com o ataque dos rebeldes houthis contra a companhia petrolífera saudita Aramco, que ele classificou de um "alerta" para acabar com a guerra no Iêmen.
"Os iemenitas não apontaram para uma escola, um hospital ou um mercado, mas atacaram um centro industrial para alertar seus inimigos", defendeu Rohani, referindo-se aos crimes de guerra atribuídos à coalizão militar liderada pela Arábia Saudita, que intervém no Iêmen desde 2015 contra insurgentes.
Os houthis lançam ataques frequentes contra a Arábia Saudita, mas, nesta ocasião, os Estados Unidos denunciaram que o ataque com dez drones é obra do Irã e, por isso, o secretário de Estado, Mike Pompeo, viajou para Riad para coordenar uma eventual resposta.
Negando novamente o envolvimento do Irã nestes ataques, Rohani disse que os EUA "em vez de confessar a grandeza de nações como Síria e Iêmen, optam por lançar acusações".
"O Irã nunca quis conflitos na região e nunca os desejará", disse em seu discurso durante a reunião semanal do gabinete.
O presidente também insistiu que o povo iemenita não iniciou o conflito, mas que a "Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, EUA, alguns países europeus e o regime sionista foram os que começaram a guerra na região e destruíram o Iêmen".
O conflito no Iêmen começou, no entanto, quando em 2014 os houthis assumiram o controle da capital Sana e expulsaram o presidente Abd Rabbuh Mansur Al-Hadi, mas se agravou com a intervenção da coalizão liderada por Riad.
Além disso, Hassan Rohani criticou a diferença entre o silêncio da comunidade internacional quando os EUA vendem armas no valor de centenas de bilhões de dólares para a Arábia Saudita e a "preocupação e raiva" mostradas diante dos ataques à Aramco.
"A política dos senhores (americanos) na região sempre se baseou na criação de guerra e, por 19 anos em qualquer lugar da região em que você veio, incluindo o Iraque, Afeganistão, Síria e Golfo Pérsico, trouxe insegurança", denunciou.
Dirigindo-se a seus rivais do Pérsico, especialmente a Arábia Saudita, Rohani enfatizou que o Irã nunca foi o primeiro a cortar laços diplomáticos e está interessado em "ter boas relações com todas as nações da região".
Riad rompeu relações diplomáticas com Teerã em 2016 e os dois países disputam a influência no Oriente Médio, apoiando lados rivais em vários conflitos, como o Iêmen. EFE
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